A adesão à greve nacional de professores em São Vicente é superior a 90%, segundo o coordenador local do Sindicato Nacional de Professores (Sindep). Em algumas escolas, exemplifica Nelson Cardoso, caso da secundária José Augusto Pinto, a adesão atingi os 95 por cento. “Está é a resposta dos docentes à tentativa do Ministério da Educação de tentar ridicularizar as exigências dos professores”, defende este dirigente sindical.
Por quase todas as escolas de São Vicente por onde passou a reportagem do Mindelinsite, é perceptível a presença dos professores, em número elevado, concentrados no exterior dos edifícios escolares. Nelson Cardoso confirma que a adesão a esta paralização nacional, que iniciou por volta das 7h30 desta quarta-feira, é superior a 90 por cento. “Ainda não estive na zona norte, mas no sul de São Vicente, designadamente na zona de Monte Sossego, estamos com uma grande adesão. No caso da escola Pintin, estamos acima dos 95%. É uma adesão extraordinária muito boa.”
Para este sindicalista, este apoio em números expressivo vai ao encontro das expectativas dos três sindicatos que promoveram esta greve nacional dos docentes – Sindep, Siprofis e Sindprof. Aliás, diz, as informações que tem recebido dos colegas dos vários pontos do país revelam uma elevada participação dos docentes por todo o país. É o caso, por exemplo, da Brava, onde, segundo notícia chegada à redação do Mindelinsite, o envolvimento dos professores de Nossa Senhora do Monte chega aos 100%. Os docentes da Brava revelam ainda que, a par dos problemas laborais, estão a enfrentar constrangimentos decorrentes dos sucessos sismos que têm sacudido a ilha. “Ontem foram quatro sismos consecutivos, que abriram rachaduras nas paredes da escola. Algumas salas de aulas tiveram de ser evacuadas”, exemplifica um docente, em declarações ao Mindelinsite.
“Os professores estão a mostrar a sua indignação e descontentamento. É uma resposta sobretudo à postura de desconsideração do Ministério da Educação para com os docente. O facto de não aceitar atender as reivindicações e depois tentar ridicularizar as suas exigências com cinismo, a dizer que o montante reclamado dá para fazer portos e aeroportos, temos aqui a resposta, não por parte dos sindicatos, mas sim dos professores ”, garante.
o presidente do Sindep, Jorge Cardoso, considerou que a reclassificação dos professores do ensino básico e do ensino secundário, por terem adquirido novas habilitações em 2020, anunciado pelo Ministério da Educação, não passou de uma manobra para ludibriar a classe docente.
“Estamos aqui para confirmar que a greve dos professores, nos dias 22 e 23, terá que acontecer, porque o governo anda a tentar ludibriar a classe docente e os sindicatos. Daí que alertamos a toda a classe docente, para estarem engajados, unidos, fortes e coesos, porque de fato teremos que vencer essa batalha. O Sindep, enquanto organização sindical, representativa da classe, está na disposição de apoiar os professores e toda a classe docente, nessa luta até os últimos resultados”, reiterou.
Em conferência de imprensa proferida ontem na cidade da Praia em reação a publicação das reclassificações de 2020, 2021 e 2022, o presidente afirmou que estas devem ser efectuadas de uma vez e sem “manobras” por parte do Governo. “É uma injustiça incrível o que querem fazer com a classe docente. Acham que estão a fazer um favor aos professores, quando é um direito que a classe têm, direito aos subsídios pela não redução da carga horária e por todas as questões apresentadas. Portanto, isso é uma manobra do governo que está a brincar com os professores e já estamos fartos disso, não sou eu, são os professores. Não querem mais ouvir promessas, a hora de fazer é agora. se o governo não recuar e não respeitar os professores vamos paralisar de facto”, defendeu Jorge Cardoso.
De referir que, os professores pedem a conclusão de reclassificações, a promoção automática, a regularização da atribuição dos subsídios por não redução da carga horária até 2024, melhorar a carreira dos mestres, doutores e professores universitários, regularização da carreira das educadoras de infância, regularização do processo de transição e revisão do Estatuto da Carreira do Pessoal Docente.
Da parte do Governo, está agendado uma conferência de imprensa para às 11 horas, a cargo de Amadeu Cruz, sobre esta greve nacional dos professores.