Governo reitera confiança no ministro Paulo Rocha e espera apuramento dos factos sobre a morte de Zezito Denti d’Oru

O Governo reiterou esta manhã a sua “total confiança” na pessoa do ministro Paulo Rocha  e nas instituições que compõem o sistema de Justiça e disse, em comunicado, esperar que a verdade dos factos sobre a morte de Zezito Denti Oru, ocorrida em 2014, seja sumamente apurada, “para que a suspeição não perdure e os responsáveis sejam punidos”.

Este posicionamento vem na sequência do pedido de esclarecimento feito ontem pelo PAICV no Parlamento sobre a notícia veiculada pelo jornal digital Santiago Magazine sobre o alegado envolvimento de Paulo Rocha no homicídio do alegado traficante Zezito Denti d’Oru na cidade da Praia, durante uma operação da Judiciária levada a cabo devido a morte a sangue frio da mãe da inspectora Kátia Tavares. Conforme a publicação, a Procuradoria da Praia está a investigar o ex-director nacional da PJ, e agora ministro da Administração Interna, por suspeita de homicídio agravado, o que levou o grupo parlamentar do PAICV a pedir esclarecimentos sobre o caso na sessão de ontem.

A declaração do PAICV caiu mal no seio do Governo e dos deputados do MpD, que saíram em defesa de Paulo Rocha, enquanto este manteve-se em silêncio. Porém, em declarações à VOA, Rocha negou qualquer envolvimento na morte de Zezito, considerado um traficante, e assegurou que vai continuar a exercer o seu cargo no Executivo. O governante enfatizou que tudo se trata de manobras bem montadas para manchar o seu nome, atingir a Policia Judiciaria e também o Estado. “O titular da pasta de Administração Interna assegura que, para já, não aventa a possibilidade de se demitir, porquanto se o fizesse seria uma forma de se dar ouvidos e promover calúnias e o assassinato político das pessoas”, escreve o jornal electrónico, adiantando que Paulo Rocha pretende levar o caso até as últimas consequências para salvaguardar a sua imagem pública.

Para o Governo, a notícia publicada pelo Santiago Magazine foi levada com ligeireza e despudor ao Parlamento pelo PAICV, com o suposto objectivo de afectar a imagem interna e internacional de Cabo Verde. Conforme o Executivo, o país conta com instituições credíveis e reputadas que têm dado provas da sua resiliência face aos mais diversos interesses e pressões, sejam políticas ou do mundo do crime. “A Polícia Judiciária é uma instituição da República que, ao longo dos seus 29 anos de existência, conquistou com mérito a confiança e o respeito dos cidadãos cabo-verdianos e o prestígio internacional junto das suas congéneres, pela solidez dos resultados alcançados e pela ética que sempre colocou em todas as suas intervenções”, frisa o Governo, para quem a salvaguarda da integridade da PJ deve estar acima de quaisquer tipos de agenda pessoal ou política, não podendo ser refém de interesses particulares inconfessos e/ou de forças ocultas.

Desde que foi noticiado que este caso tem suscitado celeuma. Ontem, porém, acabou por ser o ponto quente da sessão parlamentar. O PAICV atirou responsabilidades para cima do Governo sobre o aumento da criminalidade no país e pediu esclarecimentos sobre as informações contidas na notícia. Esta postura não agradou ao MpD e à ministra dos Assuntos Parlamentares, tendo Filomena Gonçalves considerado a declaração política do PAICV como um acto que abala a democracia. Para a governante, a intervenção da oposição é um ataque à legitimidade das instituições e lembrou que ninguém foi constituído arguido no âmbito do processo sobre a morte de Zezito Denti Oru.

Na verdade, a Procuradoria-Geral da República assegurou que até hoje ninguém foi constituído arguído. E mais: o caso continua sob segredo de justiça, decorridos sete anos.

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