O presidente da Câmara Municipal de São Vicente negou hoje a existência de concorrência desleal na extracção de areia no Lazareto, mas admitiu falhas na fiscalização que permitem às empresas retirar boa parte deste inerte, em detrimento dos camionistas. Augusto Neves, que reagia a denúncia feita pelo líder da União Cabo-verdiana Independente e Democrática na segunda-feira, garante que a edilidade está a tentar encontrar soluções para resolver este problema, pelo que pede a colaboração das empresas, dos camionistas e ajudantes, que dependem da actividade.
“Não há concorrência desleal. O que acontece é que as empresas chegam com as suas máquinas e criam algumas dificuldades. No início, a CMSV colocou uma máquina no local para fazer a extracção, só que os ajudantes exigiram a sua retirada, alegando que ficavam sem trabalho. Optamos, então, pela sua retirada. O problema é que as empresas não ajudam. De facto, temos tido alguma dificuldade neste sentido e os fiscais nem sempre estão presentes. Mas temos vindo a melhorar, pelo que pedimos a colaboração de todos”, afirmou este autarca, que aproveitou para esclarecer que a máquina que está no Lazareto é do Ministério do Ambiente e a operada pela delegação em S. Vicente. Ou seja, não há empresas envolvidas no processo.
Quanto às denúncias de que empresas estão a acumular areia de qualidade nos seus armazéns, Neves reconhece que, logo que se decidiu pela venda de senhas, isso aconteceu porque as pessoas ficaram preocupadas com a possibilidade deste inerte faltar. Mas esta é uma situação que foi de imediato ultrapassada porque as pessoas perceberam que há ainda muita areia nesta cratera. “Neste momento, as pessoas compram as senhas que quiserem. Obviamente que temos de ter algum controlo para evitar o armazenamento e também a ruptura, que acontece por vários motivos, nomeadamente devido a problemas de transporte e reposição dos combustíveis. Agora, o que temos de melhor ali é a fiscalização. Já dispomos de pessoal no Lazareto, mas teremos de melhorar o serviço para que não haja descontentamento.”
Neste sentido, diz o edil, a CMSV fechou um acordo com as empresas. Este especifica que estas poderão fazer a extração directa, com equipamentos próprios. Desta forma, a areia armazenada pela autarquia fica apenas para os camionistas. “Este é o jogo que temos feito no sentido de poder oferecer areia em quantidade, tanto para os camionistas como às empresas. Mas não tem nada a ver com a qualidade porque a extração é feita no mesmo local e a areia é a mesma. Colocamos o inerte mais acessível para os camionistas apenas para evitar que se faça a extracção desenfreada que antes se fazia e que causou muitos mortos por abafamento, no período em que António Monteiro e a UCID tutelavam o pelouro do ambiente”, acrescenta.
Aliás, o presidente da Câmara Municipal de São Vicente aproveitou para questionar o presidente da UCID porque na altura – de 2004 a 2016 – não apresentou estas “soluções fabulosas, fruto da sua imaginação fértil”.
Constânça de Pina