Adilson Jesus estranhou esta manhã a decisão da UCID de estabelecer uma ponte de entendimento com o MpD e o autarca Augusto Neves, para sanar a crise política instalada na CMSV, sem o envolvimento do PAICV. Segundo o presidente da comissão política tambarina na cidade do Mindelo, em nenhum momento o seu partido e os dois vereadores eleitos foram contactados sobre a assinatura do memorando de entendimento, quando, salienta, os democratas-cristãos e o partido da estrela negra estiveram sempre concertados sobre a situação na CMSV, ao ponto de terem acionado um processo administrativo de perda de mandato contra o edil Augusto Neves. E, aproveitando a embalagem, questiona se a UCID mudou também a sua posição sobre a perda de mandato, cujos trâmites legais ainda decorrem nos tribunais.
“Pelo facto de o PAICV ter sempre posicionado a favor de um entendimento na CMSV, e ainda pelo facto de não termos constatado nenhuma mudança em todo este processo, não conseguimos entender esta volte-face, descartando por completo o apoio do PAICV no estabelecimento de um possível acordo”, contesta Adilson Jesus, que pergunta se alguma coisa mudou nos Estatutos dos Municípios, ou na Lei das Finanças Locais, que levaram a um novo posicionamento da cúpula da UCID sobre o dossier.
O PAICV e a UCID, enfatiza Adilson Jesus, foram sempre intransigentes com as ilegalidades cometidas por Augusto Neves na gestão da CMSV, pelo que volta a perguntar se a UCID resolveu submeter-se à cúpula do MpD e aceitar que os actos do autarca passem a ser vistos como “normais e legais”.
Adilson Jesus relembra que a própria Janine Lélis, ministra da Coesão Territorial e uma das vice-presidentes do MpD, chegou a enviar à CMSV o relatório da averiguação feita por dois técnicos à autarquia em 2022, apontando várias ilegalidades cometidas por Neves. Recorda ainda que o documento aconselha a implementação de recomendações no sentido de se corrigir as ditas ilegalidades, sob pena de a tutela das câmaras municipais entrar na justiça com um processo contra Neves, para os efeitos que se mostrassem necessários.
“Não queremos pensar que os posicionamentos do Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, do Presidente da UCID, João Santos Luís e do Presidente a CMSV, feitos na semana em que se realizaram as eleições internas no MpD fizeram parte do jogo político, para beneficiar o candidato Ulisses Correia e Silva”, especula Adilson Jesus, que estranha o facto de o presidente da UCID ter garantido que o memorando de entendimento vai ser assinado por todos os vereadores, quando os eleitos na lista do PAICV não foram ainda abordados.
Para esta fonte, não é razoável o PAICV assinar um acordo com as outras forças sem ser parte da construção do mesmo. Recorda, aliás, que em 2021 foi aprovado um memorando de entendimento entre todos os vereadores e o presidente da Câmara, mas Neves nunca permitiu a sua implementação.
O líder regional do PAICV assegura o partido está e esteve sempre pronto para promover o bem de S. Vicente e deseja uma solução entre todas as forças políticas, mas numa base democrática e salvaguardando por completo a legalidade na gestão da CMSV.