Especialistas de vários países, incluindo Cabo Verde, apresentam durante o dia de hoje as suas experiências e melhores praticas para a governança e monitorização dos oceanos, num encontro que acontece na Academia Jotamonte inserido no programa da Cabo Verde Ocean Week. Para Vito Ramos, que mediou os debates em representação do IMAR – Instituto do Mar (ex-INDP), foram apresentadas experiências interessantes que podem ajudar na gestão ambiental numa altura em que já se percebeu que a preservar os oceanos não é “porque é bonito ou está na moda”. Trata-se sim da saúde, sobrevivência e subsistência humana, tendo em conta que os bens e serviços dos oceanos são de longe superiores aos terrestres. “Oitenta ou 90% de tudo o que seja actividade comercial no mundo faz-se através dos oceanos“, realça.
“Governança e monitorização dos oceanos/Políticas de promoção para sustentabilidade ambiental”, na parte da manhã, e “Infraestruturas portuárias e o mercado internacional: Perspectivas”, no período da tarde, são os dois painéis em debate com técnicos, especialistas e estudantes do ensino secundário. Num balanço à imprensa, Vito Ramos garantiu que o encontro reveste-se de uma importância grande porque vai no sentido de se pensar melhor a questão da saúde dos oceanos. “A governança, monitorização e promoção de politicas de sustentabilidade ambiental só é possível se conseguirmos fazer uma abordagem colaborativa e participativa, primeiro a nível horizontal, envolvendo todos os parceiros e interessados, no caso as instituições, governo, empresas, etc, e também vertical, aqui falando-se concretamente da coordenação”, explicou Ramos.
Neste sentido, segundo este técnico, Cabo Verde tem estado a participar e a colaborar com varias organizações internacionais que cuidam dos oceanos, direccionado para o chamado ODS 14, relativo ao desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. “Temos assinado e ratificado convenções e promovendo boas praticas, sobretudo a nível local, com a participação das comunidades. Por exemplo, no sector das pescas, quando se faz um trabalho de formação sobre as melhores praticas e melhor uso das artes das pescas em detrimento das artes nocivas e prejudiciais. A protecção das tartarugas é também um bom exemplo daquilo que temos feito. Ainda se consome, mas tem-se feito um bom trabalho. Um bom exemplo é o projecto de Cruzinha que ganhou um premio internacional.”
Se antes havia uma captura desenfreada, hoje são as próprias comunidades a envolver-se na proteção e, principalmente, a tirar rendimentos maiores rendimentos com esta opção, diz Vito, que admite, no entanto, que ainda falta uma maior organização, mais precisamente um Marine Special Plan, que permite congregar o social, recreativo, industrial e comercial nas zonas costeiras e nos mares para que nao haja conflito. “Temos de ter em conta que, quando se define uma área protegida, há regras que devem ser respeitadas e as comunidades devem envolver-se. São estas praticas que vão de uma abordagem local, para regional e, posteriormente, global. Foi por isso que quisemos trazer estes especialistas para que pudéssemos aprender com eles. E foram aqui elencadas varias experiência
Para a presidente da CVOW, Ineida Gomes, o intuito deste encontro foi discutir os problemas que são comuns e procurar soluções nesta luta de todos que é a sustentabilidade dos oceanos. Foi neste sentido que, diz, cada painelista trouxe as experiências dos seus países, seguido de debate. “Optamos por reste formado para não termos painéis demasiado técnicos. Queremos a realidade dos países, cada um com as suas dificuldades que vão passando e como encontraram as soluções. No término deste evento iremos fazer um balanço e ver quais as directrizes seguir e criar politicas para mediar este transtorno que é a poluição que temos nos oceanos”, frisa.
Estão presentes no CVOW dez países, entre os quais China, Portugal, Alemanha, Irlanda, Seychelles, Moçambique, S. Tomé e Guiné Bissau.
Constânça de Pina