Enfermeiros denunciam dispensa de colegas com contratos precários pelo HBS: Serviço de Ortopedia suspenso

Enfermeiros procuraram o Mindelinsite para denunciar a suspensão de 25 colegas que prestavam serviço no Hospital Baptista de Sousa no dia 30 de dezembro de 2022. Como consequência, dizem, os profissionais restantes estão a ser sobrecarregados de trabalho e obrigados a adiar as suas férias. Igualmente, o Serviço de Ortopedia teve de ser encerrado por falta de enfermeiros e, dizem, já se fala na suspensão do Serviço de Saúde Mental, o que, do ponto de vista desses profissionais, representa um retrocesso. 

De acordo com informações avançadas por estes enfermeiros, apesar de muitos colegas terem ido para a reforma nos últimos tempos, o Ministério da Saúde não está a contratar novos profissionais para ocupar os lugares vagos. Para agravar ainda mais a situação, os enfermeiros contratados durante a pandemia da Covid-19, e que vinham “tapando” alguns buracos no hospital, foram despedidos. E agora, no final de dezembro, um grupo de 25 enfermeiros com contratos de prestação de serviço, e que vinham trabalhando no HBS desde antes da pandemia, não viu os contratos renovados. 

Estes profissionais acreditavam que teriam os contratos renovados por conta da carência de enfermeiros que o hospital enfrenta. Mas, infelizmente, e para desespero dos profissionais do quadro do MS, foram mandados para casa em finais de dezembro. Com isso, as coisas pioraram”, desabafa um destes profissionais, que diz temer que os cerca de 70 enfermeiros, também com contratos de prestação de serviço restantes, sejam também dispensados. O mais caricato, dizem estas nossas fontes, é que recentemente, a quando da primeira visita ao HBS da nova ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, esta foi confrontada e afirmou que desconhecia a situação de carência de enfermeiros.

Revoltada, uma das enfermeiras garante que, com a suspensão do vínculo com os profissionais, o hospital viu-se obrigado a encerrar ontem, 3 de janeiro, o Serviço de Ortopedia. “Os enfermeiros que trabalhavam neste serviço, e que não foram enviados para casa, foram distribuídos para o Banco de Urgência. E, neste momento, já estão a comentar pelos corredores do hospital que o Serviço de Saúde Mental também vai ser suspenso e que os enfermeiros que trabalham neste sector vão para Medicina.”

Estes profissionais dizem-se preocupados porque, afirmam, ao invés do hospital estar a evoluir no tempo, está claramente a regredir. “O mais complicado é que estas decisões são tomadas nos gabinetes sem se ouvir os colaboradores. É como se fosse uma ditadura. E não se preocupam em sobrecarregar e desestruturar a vida dos que ficam e que estão a ser sobrecarregados de trabalho. Estes enfermeiros fazem os seus planos e, de repente, têm a sua vida desorganizada. Não há respeito.”

Questionados se já procuraram o sindicato, as nossas fontes indicam que em São Vicente não existe uma representação exclusiva. “Há, sim, sindicatos generalistas e, para falar a verdade, não confiamos muitos nos sindicatos. Por conta disso, temo-nos limitado a acatar as decisões de cima. Por outro lado, há o medo de represálias, não obstante sermos enfermeiros com muitos anos de serviço. Mas este receio não é infundado porque sempre encontram formas de nos castigar, seja transferindo-nos de serviços, ou mesmo colocando-nos na delegacia ou nos centros de saúde.”  

Garantem, no entanto, que questionaram a direcção do hospital sobre a necessidade de contratar novos enfermeiros, limitando esta a afirmar que vão abrir concurso em 2023. Enquanto isso, dizem, vão continuar a ser sobrecarregados e com as férias suspensas, sem previsão de quando terão direito a desfrutar dos descansos em atraso de 2022, muito menos os previstos para este novo ano. 

O Mindelinsite tentou ouvir a direcção do Hospital Dr. Baptista de Sousa, mas fomos informados que a diretora encontra-se ausente. O departamento de comunicação e imagem ficou, no entanto, encarregue de levar o assunto ao Director Clínico e trazer o retorno para este online, o que não aconteceu até a publicação da notícia, mesmo perante a nossa insistência. 

De referir que o HBS tem cerca de uma centena e meia de enfermeiros, na sua grande maioria generalistas. Em maio de 2022, estes, através da superintendente de enfermagem, pediam mais valorização para esta classe que, afirmava Vera Monteiro, está sempre na linha da frente pela vida.

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