Termina hoje o retiro dos quinze maiores influenciadores para o desenvolvimento da África, que decorre desde ontem no Mansa Floating Hub, em pleno coração da cidade do Mindelo. Ontem, em conferência de imprensa, Ahunna Eziakonwa, directora regional do PNUD, frisou o facto de o estúdio flutuante construído na Avenida Marginal simbolizar exactamente aquilo que se pretende no continente africano: uma obra pensada e executada por empreendedores africanos, com o foco no crescimento socioeconómico e cultural da África.
“Este lugar representa o ‘made in Africa’ e é este modo de trabalhar que vai fazer a diferença no futuro do continente. Temos aqui presente o grupo ADS, o presidente do Afreximbank e colegas de outros institutos africanos. Queremos criar valores para a África e o seu povo, dar esperança e sustentabilidade aos africanos”,salientou Ahunna Eziakonwa, que espera sair desse encontro de reflexão uma aliança e um plano de ação capaz de proporcionar o uso dos recursos do continente em prol do interesse dos africanos. Como referiu, o grupo está à procura das oportunidades para a África poder andar com os seus próprios pés.
Este retiro visa conceder ao gabinete Africano do PNUD uma oportunidade única para alavancar o A4ID (Advocates for International Development) para conceptualizar um novo enquadramento de modo a financiar as metas do desenvolvimento sustentável e criar riqueza empresarial em África. A primeira reunião do chamado “super grupo” aconteceu em 2019 e, segundo a responsável regional do PNUD, nestes dois dias irão ver como fazer a ponte com os objectivos anteriormente traçados.
Este segundo encontro acontece em plena pandemia. Devido aos impactos mundiais da Covid-19, o assunto mereceu ontem uma análise especial, tendo o presidente do Afreximbank anunciado que outros países africanos, além da África do Sul, já podem passar a produzir vacinas contra a doença da marca Johnson&Johnson. O processo de atribuição da licença de produção, salienta Benedict Oramah, foi estimulado pelo banco. No entanto, o foco neste momento é encontrar indústrias preparadas para fazer as vacinas e outros medicamentos dentro do continente.
O foco dos influenciadores vai além do desafio da Covid-19, como enfatiza o responsável do Afreximbank. Segundo Benedict Oramah, o grupo quer encontrar formas de estimular a criatividade e inovação no seio dos jovens africanos nas áreas da cultura, agronegócio, empoderamento das mulheres, a manufactura, finanças… “Temos de criar uma agenda onde todos os objectivos sejam orientados no mesmo sentido, usando o conhecimento e a capacidade da nossa juventude”, enfatiza.
O empresário maliano Samba Bathily, presidente do grupo ADS, lembrou que a construção do Mansa Floating Hub na cidade do Mindelo é fruto da visão que tem para o continente africano, um ponto de reconexão da história e do futuro da África. Segundo Bathily, visitou a ilha de S. Vicente há quatro anos e encontrou o local que há muito tempo sonhava, onde seria possível fazer negócios e passar férias – o Monaco, Ibiza ou Las Vegas da África, como costuma enfatizar.
O retiro do super grupo de influenciadores africanos é apenas mais uma das prometidas iniciativas do empresário maliano para realizar o seu sonho de uma nova África. E para ele, o floating representa, na verdade, a conectividade dos africanos, visto que a sua concretização envolveu um empresário maliano, um arquitecto nigeriano e o projecto executado em solo cabo-verdiano. Como diz Bathily, quem melhor para pensar a África do que os africanos.