Eleição regional no PAICV: Militantes revalidam confiança em Alcides Graça, mas com elevada abstenção

Os militantes do PAICV revalidaram este Domingo a confiança no jurista Alcides Graça como presidente da comissão política regional de S. Vicente, mas apenas um terço dos quase 3.000 inscritos terá exercido o seu direito de escolha nas 23 mesas de voto. Pelas contas do candidato derrotado Nilton César, dois terços dos inscritos nos cadernos ficou em casa, o que pode indicar uma dose elevada de desmotivação do partido na ilha do Monte Cara, onde o PAICV é a terceira força política desde as últimas autárquicas.

Satisfeito com a sua recondução para o terceiro mandato consecutivo, Alcides Graça minimiza esse aspecto e coloca dúvidas sobre a percentagem avançada pelo seu adversário. Em declarações à RCV, o reeleito presidente regional do PAICV enfatizou que a tónica deve ser colocada naqueles que exerceram esse dever e escolheram a lista vencedora. “O que temos são pessoas nos cadernos que, ou não estão na ilha ou no país, ou então desmobilizadas”, frisa Graça, que considera a abstenção um dado sempre relativo.

Apurados os resultados das urnas, Graça assegura que o foco agora é trabalhar de imediato no processo de coesão interna, uma das suas bandeiras de campanha, até porque estão já à porta as eleições autárquicas e depois virão as legislativas. Por isso, diz, a missão imediata é reunir todos os membros numa só trincheira.

Questionado se vai assumir a candidatura à Câmara de S. Vicente, Graça diz que ainda é cedo e que esse dossier deve ser trabalhado com o máximo cuidado. Aliás, na sua opinião, a escolha da pessoa certa para liderar o partido da estrela negra nesse embate eleitoral deve ser feita com base numa sondagem.

PAICV em “estado anémico” e “desolador”

Quando ainda faltava apurar os votos em Monte Sossego, a zona com mais militantes, Nilton César, adversário de Alcides Graça, já assumia a derrota. No entanto, para ele, perder por cerca de 5% de diferença dos votos expressos com o presidente cessante, que esteve seis anos à frente do PAICV no Mindelo, simboliza uma vitória. “Tendo em conta as adversidades que encontramos no terreno, aliadas à falta de recursos, em comparação com a outra lista, somos uma candidatura vencedora”, considerou Nilton César, em conversa com o Mindelinsite.

O nível de abstenção, segundo este candidato, já era previsível. Dos contactos durante a campanha, diz, vários militantes asseguraram que não iriam votar. “Uns alegaram que estavam cansados, outros que já não se sentiam PAICV porque o Presidente e a Secretária deixaram de fazer reuniões com as bases nestes últimos seis anos”, revelou o candidato derrotado, para quem a abstenção revela o estágio anémico e desolador em que o PAICV se encontra na ilha de S. Vicente.

Segundo Nilton César, se tivesse sido eleito com tão pouca adesão dos militantes, depois de estar dois mandatos à frente da comissão regional, colocaria o cargo à disposição. Nem tomaria posse. Como diz, estatutariamente Graça é o líder legítimo, mas as coisas mudam de figura quando a realidade mostra um preocupante nível de desmotivação nas bases. Apesar disso, Nilton César mostra-se disponível para continuar a trabalhar pelo PAICV e, caso for preciso, em colaboração com Alcides Graça.

Kim-Zé Brito

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