O Bispo Dom da Diocese do Mindelo apresentou à imprensa, no Mindelo, o relatório da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo sobre a Sinodalidade, um dos maiores acontecimento da Igreja a nível mundial, cuja primeira sessão decorreu durante o mês de outubro em Roma. Dom Ildo Fortes, que participou neste concilio ecuménico como delegado da Conferência Episcopal do Senegal, Mauritânia, Cabo Verde e Guiné Bissau, acredita que a Igreja saí deste encontro com uma visão renovada, autêntica e verdadeira, onde todos podem caminhar juntos.
Tratou-se, de acordo com o Bispo do Mindelo, de um Sínodo sobre a ‘Sinodalidade da Igreja: Comunhão, Participação e Missão’, que teve várias fases desde 2021, primeiro nas paróquias com audição de tudo e todos, inclusive de pessoas de fora da Igreja, depois foi a fase das dioceses e posteriormente a nível continental. “Estiveram presentes cerca de 400 pessoas que representam a Igreja pelo mundo, entre bispos, religiosos, sacerdotes, leigos, entre os quais mulheres e jovens. E ainda delegados de outras confissões religiosas: anglicanos, luteranos, ortodoxos, metodistas.”
Todas estas pessoas, afirmou Dom Ildo Fortes, têm agora a responsabilidade de levar para as suas comunidades a dinâmica do Sínodo, que momentos de grandes celebrações e, desafia as pessoas, a por em pratica a maneira de ser sinodal (andar de mãos dadas) e outras luzes que foram saindo do sínodo. “Em Cabo Verde, vou ter de pensar como partilhar esta experiência. Fiz um pequenos video antes de regressar ao país e vou reunir com a minha gente. A primeira partilha estou a fazer agora com a imprensa. Depois, vou começar com os padres e com os leigos mais comprometidos com a Igreja.”
Entende o Bispo da Diocese do Mindelo que neste relatório, que foi fruto do trabalho da assembleia, está presente o grito dos pobres, dos que são obrigados a emigrar, dos que sofrem violência ou sofrem as consequências devastadoras das mudanças climáticas. Foram ainda objecto de discussão durante este encontro, de acordo com este responsável, temas como a ordenação das mulheres, maior responsabilidade das mulheres nas decisões da Igreja, a questão da autoridade (hierarquia e os batizados), e problemas que hoje se colocam hoje à Igreja, como o acolhimentos dos homossexuais, transgéneros, casamentos de pessoas do mesmo sexo, os divorciados, entre outros.
Instado se a Igreja sai com mais abertura, Dom Ildo garantiu este sínodo sobre a sinodalidade foi para causar e provocar uma renovação profunda na Igreja. “Isso não quer dizer que a igreja não esteja em um processo de renovação. Se virmos a igreja de hoje a de há 40/50 anos, não é o mesmo, desde a nossa forma de estar no mundo, de comunicar, de fazer pastoral. Seria injusto dizer que não tem havido este caminho. Talvez é preciso ser mais rápido e o Papa está comprometido em haver uma transformação. Temos de ser uma Igreja que escuta. Não podemos é esquecer os fundamentos da Igreja.”
Em suma, diz, a Igreja tem de estar preparada para acolher todas, sem discriminação ou rejeitar ninguém. “Todos podem e devem participar, têm lugar na nossa igreja. A Igreja encontra em Jesus Cristo os seus fundamentos e, quando falamos em renovação, significa ir às fontes e ver como ela deve se posicionar nos dias de hoje. Temos de usar uma linguagem que as pessoas percebam e ter uma liturgia que não seja arcaica para quando uma pessoa for por exemplo a uma missa, sentir que pode participar. Queremos uma igreja renovada e que saia do seu conforto e vá para o mundo”, concluiu.
A próxima sessão do Sínodo dos Bispos está agendado para Outubro de 2024.