DNE manifesta confiança nos professores que elaboraram prova do 12. ano, com referência a Carlos Veiga, e nega politização da História

O Director Nacional da Educação manifestou a sua confiança nos professores que elaboraram a prova nacional da disciplina de História do 12. ano – que se recorre a uma declaração do MpD para enfatizar o papel de Carlos Veiga no processo democrático em C. Verde – e negou qualquer tentativa de politização do percurso histórico do arquipélago. Segundo Adriano Moreno, o teste foi preparado de forma independente por professores competentes na matéria, que buscaram “refletir a realidade de actores nos processos que contribuíram para a trajetória democrática do país, sendo um deles o antigo Primeiro-ministro e ex-líder do MpD.

Em resposta a uma declaração do PAICV, que viu essa parte da prova como uma tentativa de “instrumentalização dos jovens” cabo-verdianos, Adriano Moreno salienta que a história de Cabo Verde é composta por múltiplas narrativas e actores que, juntos, construíram o caminho para a liberdade, a democracia e o desenvolvimento. Logo, sublinha, reconhecer o papel de “figuras relevantes” como Carlos Veiga é uma forma de valorizar essa trajetória e estimular nos estudantes uma “compreensão critica e aprofundada” do passado.

O DNE rejeita, igualmente, qualquer tentativa de censura ou de desvalorização de “aspectos essenciais” da história nacional e deixa claro que a educação deve ser um espaço de respeito pelas múltiplas opiniões e de busca pela verdade. Por isso, diz, há referências no teste às ações da luta de libertação nacional, ao regime de partido único, assim como às iniciativas de instauração da democracia.

A forma como a prova foi elaborada caiu no desagrado do PAICV, que pretende confrontar o ministro da Educação no Parlamento sobre o assunto. Isto porque, nas palavras da porta-voz Carla Lima, o caso é “grave” por se basear numa declaração política do MpD como fazendo parte da disciplina de História de Cabo Verde. A parlamentar acrescenta que, não sendo parte do currículo escolar, está-se perante “tentativas ocultas” de introdução de uma tendência político-partidária nos currículos escolares, com o intuito de se influenciar os jovens.

Este caso surge, entretanto, acoplado a outro incidente envolvendo o Ministério da Educação: a fuga da prova nacional de Inglês. Este episódio mereceu igualmente críticas da oposição e, ao ser confrontado, o DNE assegura que a Inspeção-Geral da Educação já está no terreno a tentar apurar como os alunos tiveram acesso antecipado ao teste. Segundo Adriano Moreno, como o processo está noutra alçada não pode avançar um prazo para a conclusão do apuramento.

Os dados preliminares, diz Moreno, indicam que alunos de duas escolas na Praia e uma no Sal é que tiveram acesso irregular ao documento, mas ainda a DNE não sabe a verdadeira extensão do problema. O Director Nacional da Educação adianta, entretanto, que a prova será anulada apenas nas escolas onde o caso ocorreu. Deixa claro que os alunos que não tiveram nada a ver com a fuga do teste não serão prejudicados.

O PAICV criticou também este incidente, tendo enfatizado que a a avaliação é um momento que deve ser justa para todos e que, quando se confronta com fuga de provas nacionais em pelo menos três escolas, é algo muito grave.

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