Arrancou hoje o 1º Fórum de Saúde Mental de São Vicente, evento que tem como propósito recolher subsídios para melhorar a qualidade e a organização da saúde mental na ilha, conforme fez questão de afirmar o delegado de Saúde, Elisio Silva, na qualidade de promotor. O presidente da Câmara Municipal, Augusto Neves, enquanto anfitrião, enalteceu este fórum e afirmou que as necessidades no âmbito da Saúde Mental são hoje de tal ordem que exigem respostas atempadas e criativas dos serviços de saúde, com envolvimento de outras estruturas públicas e de instancias da comunidades, e uma política nacional clara, dinâmica e adaptada aos nosso dias.
Enquanto coordenadora do fórum, Denise Lima deu o mote das discussões, afirmando que melhorar a saude mental em S. Vicente depende de cada um, quer dos profissionais das mais variadas esferas, quer dos cidadãos que se querem activos, visando a harmonia e o bem-estar geral. “A Saúde Mental é tão importante como a nossa saúde física. Contempla, mais do que patologias mental, psiquiátrica e psicológica, embora estas últimas tenham uma carga significativa não só para a pessoa, mas também para a família e a comunidade onde ela se encontra inserida. É uma qualidade universal importante para todas as pessoas, todas as idades e latitudes, e parte indissociável da nossa saude”, afirmou, realçando que se pretende com este fórum criar um espaço de debate onde a saúde mental seja abordada numa perspectiva multidisciplinar, com enfoque na defesa dos direitos humanos.
Já o delegado de Saúde destacou o facto de, com este fórum que tem como lema “Saúde Mental, uma responsabilidade de todos”, se iniciar as comemorações do Dia Mundial da Saúde, que se assinala a 7 de abril, falando dos doentes mentais. Elisio Silva fez questão de frisar que este é um evento de São Vicente, feito por pessoas que querem contribuir para melhorar a saúde mental na ilha. “Vamos aqui mostrar a nossa organização que que tange a atenção primária e secundária, buscando subsídios a nível multisetorial e multidisciplinar para tentar melhorar a nossa acção perante os nossos pacientes”, disse o responsável local pela Saúde Pública, que falou ainda das conquistas no domínio da organização, com a descentralização do atendimento e seguimento dos doentes mentais nos Centros de Saúde.
Sobre este particular, informou que a ilha de São Vicente tem neste momento seis Centros de Saúde e mais três postos, todos com enfermeiros 24 horas por dia, graças a um trabalho que vem sendo realizado em parceria com a Câmara Municipal. “Nos Centros de Saúde temos médicos, enfermeiros, assistentes social, psicólogos, nutricionistas, uma equipa com psiquiatras realizando consultas mensais e o seguimento dos pacientes. Antes o seguimento era feito apenas no HBS, actualmente é feito por uma equipa multidisciplinar nos Centros, praticamente nas suas casas. Hoje quase que não vemos doentes mentais a deambular pelas ruas desta cidade”, declarou, destacando ainda o trabalho feito pela CMSV no acolhimento dos doentes mentais com residência e todas as condições no Centro de Vila Nova, no Centro de Terapia Ocupacional na Ribeira de Julião e no Centro de Dia na Bela Vista.
Por seu turno, o presidente da CMSV deixou claro que os problemas de Saúde Mental constituem actualmente a principal causa da incapacidade nas sociedades, pelo que exigem respostas atempadas e criativas dos serviços de saúde, com envolvimento de outras estruturas e instâncias da comunidade. Prevê-se, por outro lado, um incremento significativo da prevalência de doenças mentais, em particular dos casos de demência, com um impacto crescente na sociedade, como seja dos problemas relacionados com a violência domestica, abuso do álcool e das drogas, delinqüência, de entre outros. Por isso, a Saúde Metal deve constituir uma prioridade da politica de saude, respondendo assim ao objetivo de assegurar a todos os cidadãos o acesso ao serviço de saúde mental moderno e de qualidade”, enfatizou Augusto Neves.
E a CMSV está empenhada neste labor, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos municípios, acrescentou, exemplificando com a criação do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas no Centro Social da Ribeira Bote, que atende anualmente centenas de jovens; do Lar de Acolhimento dos Doentes Mentais do Centro Social da Vila Nova. Relativamente à este último, de acordo com o autarca mindelense, quando se fez o levantamento dos doentes mentais que deambulavam pelas ruas do Mindelo eram 12 e agora são cerca de 40 no Centro de Acolhimento de Doentes Mentais, projectos que também são acarinhados pela DS e pela sociedade.
Testemunhou a abertura deste fórum, para além dos intervenientes, a presidente da Assembleia Municipal de S. Vicente, o Coordenador Nacional de Saúde Mental, a administradora da Delegacia de Saúde, representantes de instituições e serviços, e muitos convidados. O evento terá a duração de três dias e serão apresentados cinco painéis, a cargo de especialistas da área da saúde, da justiça, cultura, de entre outros.