A taxa de fertilidade da mulher cabo-verdiana desce de sete filhos para 2.2, confirmando a tendência de envelhecimento da população a partir de 2052. Estas informações foram avançadas na conferência “O poder dos dados inclusivos rumo a um futuro resiliente e equitativo para todos”, promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) e o Instituto Nacional de Estatística (INE), realizada na quinta-feira, 11, Dia Mundial da População, e que antecedeu o lançamento do Relatório sobre a Situação da População Mundial 2024.
Segundo o relatório, a população cabo-verdiana é considerada jovem, mas tem uma tendência para o envelhecimento a partir das próximas três décadas face à taxa de fecundidade actualmente nos 2.2 filhos por mulher. Ou seja, a partir de 2050/52 a projecção aponta que a sua população deixa de estar tão jovem. A taxa de fecundidade, prossegue, demonstra alguma evolução não tão positiva do ponto de vista demográfico, já que Cabo Verde está na linha dos países em desenvolvimento. Trata-se de um cenário que acarreta gastos para previdência social, relativamente à problemática da saúde, indica.
Igualmente, para as pessoas que actualmente estão no desemprego jovem, daqui há alguns anos não serão jovens, o que se traduzirá em uma sobrecarga do desemprego. “Temos de começar a reflectir como é que devemos posicionar para esse fenómeno, porque vamos ter daqui a alguns anos uma população envelhecida”, refere o Fundo das NU para a População, que considera importante a inclusão de todos, enquanto seres humanos, sem excepção, na contagem dos dados.
Intitulado “Vidas entrelaçadas, fios de esperança: acabar com as desigualdades na saúde e nos direitos sexuais e reprodutivos”, a nível global o relatório destaca o impacto do racismo, do sexismo e de outras formas de discriminação no progresso da saúde sexual e reprodutiva das mulheres e meninas. “As mulheres e as meninas pobres, pertencentes a grupos minoritários étnicos, raciais e indígenas, ou apanhadas em contextos de conflito, têm maior probabilidade de morrer por não terem acesso a cuidados de saúde atempados.”
Este ano assinala-se o 30 aniversario da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento no Cairo, quando 179 governos se comprometeram a colocar a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos no centro do desenvolvimento sustentável. Há progressos, mas persistem as desigualdades dentro das sociedades e no acesso a sistemas de saúde. “O nosso trabalho está incompleto, mas com investimento sustentado e solidariedade global não é impossível”, enfatiza Natalia Kanem, Directora Executiva do UNFPA.
O relatório sublinha ainda a importância de adaptar os programas às necessidades das comunidades e de capacitar as mulheres e as meninas para que criem soluções inovadoras. Em jeito de exemplo, assegura que se forem investidos 79 milhões de dólares em países de baixo rendimento até 2030 poder-se-ia evitar 400 milhões de gravidezes não planeadas, salvar um milhão de vidas e gerar 660 mil milhões de dólares em benefícios económicos.