A CV Inter-ilhas nega que o despedimento do Imediato do navio Sotavento, assunto que deu azo a uma contestação pública do sindicato Simetec, esteja relacionado com os protestos dos tripulantes da embarcação por causa da carga horária. Em comunicado enviado a esta redacção, a empresa afirma que a “não continuidade” de André David em funções deve-se ao “resultado da sua prestação observada durante o período experimental” do seu contrato de trabalho. E mais não disse em relação a essa medida em concreto.
A companhia explica, no entanto, que, devido a redução súbita da sua frota de embarcações, por motivos técnicos, precisou adotar medidas de emergência para assegurar os serviços mínimos de transporte de passageiros e mercadorias. Perante essa circunstância, adianta a CVI, todos os seus colaboradores, tripulantes e pessoal de terra fizeram voluntariamente um esforço adicional de trabalho. “Esta situação foi pontual e ficou regularizada com o regresso do navio Liberdadi à operação e com a chegada do navio San Gwann para reforçar as ligações. A CVI assegura que desde o início das suas operações, a 15 de Agosto, têm sido cumpridos e respeitados os direitos laborais de todos os seus colaboradores e valorizados os activos humanos”, salienta essa prestadora de transporte marítimo. No tocante ao navio Inter-ilhas, cujos tripulantes também reclamam do excesso de trabalho, a CVI defense-se alegando que a tripulação do navio, cuja lotação mínima é de 12 pessoas, passou para um total de 20 técnicos, que se revezam para garantir as três viagens diárias entre S. Vicente e Santo Antão.
A CVI assegura que tem vindo a respeitar os direitos laborais dos seus funcionários nestes dois meses de actividade. Enfatiza, aliás, que efectuou um aumento salarial na ordem dos 30 por cento e que os vencimentos dos tripulantes incluem o pagamento de um subsídio de isenção de horário em torno de 35% da retribuição base mensal. Deste modo, acrescenta, esse reforço permite suportar as situações extraordinárias de trabalho, como ocorreu nos últimos tempos.
Acrescenta a CVI que a valorização dos trabalhadores vai para além das melhorias salariais para se focar também na formação profissional. Conforme a nota, em dois meses a empresa enviou para a UniCV – Mindelo 40 tripulantes para os dotar de qualificações reconhecidas a nível internacional. A empresa aproveita a oportunidade para convidar os sindicatos Simetec e Sitthur a visitarem o serviço e os trabalhadores e obterem os testemunhos daqueles que diariamente dão o seu contributo para o “sucesso” do sector marítimo em Cabo Verde.