João do Carmo, deputado do PAICV, criticou esta manhã a postura de algumas instituições do Estado, que, diz, não permitiram que eleitos da oposição efectuassem visitas às suas instalações com o objectivo de se prepararem para a segunda sessão plenária do mês de Janeiro. Para esta sessão, na qual será debatido o desemprego com o Primeiro-ministro de Cabo Verde, os deputados quiseram visitar o Centro de Emprego e a Pró Empresa no Mindelo, para obter dados oficiais sobre o nível do desemprego na ilha, mas tal não foi possível.
João do Carmo mostrou-se preocupado com a situação, que, para ele, espelha precisamente a elevada taxa de desemprego existente em São Vicente, em particular na camada jovem. “O Centro de Emprego não reagiu, nem com sim nem com não. A Pro-Empresa, num primeiro momento aceitou o encontro, mas num segundo momento apresentou indisponibilidade.” A recusa foi considerada pelo deputado do PAICV “uma infeliz coincidência”, exactamente no momento em que precisavam se preparar para discutir o tema na Assembleia Nacional.
O deputado do partido da estrela negra mostrou-se ainda apreensivo com a “falta de actuação do Governo”, que já vai no seu terceiro ano de governação, com quatro Orçamentos de Estado aprovados. “Até agora não há nenhuma medida concreta para a redução do desemprego, faltando somente mais um orçamento para terminar o mandato”, afirma João do Carmo, que diz, contudo, que o PAICV vai para o encontro com “todos” os dados para debater.
Campus do Mar para São Vicente
Ainda no âmbito das visitas de preparação para a segunda sessão plenária do mês de Janeiro, João do Carmo e Manuel Inocêncio estiveram esta manhã numa visita ao antigo Isecmar, onde aproveitaram para lançar ao Governo o desafio de aproveitar as boas relações como o Executivo chinês e trazer obras para São Vicente, de modo a ter, também nesta ilha, sinais da cooperação entre Praia e Pequim. “Há um discurso do Governo em relação à Escola do Mar, pelo que gostaríamos de pedir ao governo que aproveite as boas relações com a China para a criação de um Campus do Mar em São Vicente. Uma infraestrutura com instalações de raiz e a substituição das actuais acomodações, que já não gozam das melhores condições para um campus”, incitou.
Para João do Carmo, a ideia de transformar São Vicente numa zona económica marítima especial vai ao encontro daquilo que os deputados do PAICV têm pedido no Parlamento, que é um campus do mar de raiz, um edifício com condições iguais àquele que está sendo construído na Praia pelo governo chinês. “Há terreno suficiente, disponível e bem localizado”, advoga do Carmo, para quem um dos grandes problemas de São Vicente é que foi comparada, “por baixo”, com as outras ilhas e municípios do país. Embora ela fosse pioneira em atingir o desenvolvimento, teve que ficar à espera que outras congéneres atingissem o mesmo nível, o que, na sua opinião, prejudicou sobremaneira a terra do Monte Cara.
Natalina Andrade (Estagiária)