O deputado nacional Orlando Dias acaba de divulgar uma carta aberta, direcionada aos militantes e simpatizantes do MpD, onde responsabiliza Ulisses Correia e Silva pela primeira derrota autárquica do partido. Instiga por isso os militantes a “trazer o MpD de volta”, exigindo que os responsáveis coloquem os cargos partidários à disposição e a realizem uma Convenção Nacional Extraordinária.
Segundo Dias, os mesmos que nos últimos anos têm vindo a enganar a militância e a virar as costas aos simpatizantes e amigos do MpD, vem dizer que vão ouvir as bases e abrir o partido à livre expressão das ideias. “Os culpados pela maior derrota eleitoral do MpD e o primeiro presidente a perder umas autárquicas, não só não assumem as suas responsabilidades como procuram atirar o ónus da derrota para os municípios e os candidatos por si impostos nas eleições de 01 de dezembro. É de uma grande desfaçatez!”.
Afirma este eleito nacional que todos já perceberam que o resultado das eleições autárquicas foi um enorme cartão vermelho a Ulisses Correia e Silva e ao governo. E só não perceberam (ou fazem-se distraídos) os que têm vindo a liderar o partido nos últimos 12 anos. Neste sentido, defende que os militantes e simpatizantes que têm, agora, uma oportunidade de trazer de volta o MpD, nomeadamente, exigindo que os responsáveis tenham a dignidade de colocar os cargos partidários à disposição.
Mais: pede a realização de uma Convenção Nacional Extraordinária e eleições internas para escolher o próximo presidente do partido. Umas eleições que sejam organizadas com seriedade e não como a farsa de abril de 2023. “É isso que, também, devem ter presente os membros da Direção Nacional que irão reunir a 11 de janeiro, uma data escolhida para tentar esconder as responsabilidades da atual liderança, adiando decisões que deveriam ser tomadas logo no rescaldo das eleições”, reforça.
Nos últimos dois anos, diz Orlando Dias, enquanto deputado e no decurso das eleições internas de abril de 2023, vem alertando a liderança do MpD para a necessidade de fazer uma remodelação governamental, reduzindo o número absurdo de membros do executivo e promovendo reformas estruturais para o país, mas também reduzindo substancialmente a máquina do Estado. “O líder do partido e PM nunca ligou às minhas preocupações e, mais grave, nunca entendeu os evidentes sinais que vinham da sociedade. Se me tivessem ouvido, se tivessem escutado a sociedade e os lamentos do povo, seguramente, não estaríamos hoje confrontados com a maior derrota eleitoral do MpD”.
Sobre este particular, o deputado acusa o presidente do partido e o seu círculo mais íntimo de serem acessos aos questionamentos da militância e da cidadania. Com isso, afirma, descaracterizou o partido porque impediu o debate interno e substituiu a democracia por uma legião de batedores de palmas e cabos eleitorais. “Contra todos os princípios republicanos e democráticos, fraudou as eleições internas e promoveu a delinquência, com o descarregamento generalizado de votos”, sublinha, instando os seus pares a buscarem a verdadeira essência democrática do partido, em conformidade com sua origem.
“Os militantes, amigos e simpatizantes do MpD, devem lutar contra o exercício do poder baseado na tomada de decisões por alguns dos principais dirigentes, à porta fechada e nas costas da maioria dos membros do Partido. É necessário que o MpD retome o compromisso político responsável, devendo prevalecer nas relações do partido e dos seus militantes com a sociedade, o Estado e a comunicação social”, desafia, lançando um apelo paraque seja resgatada a ligação estreita entre os órgãos nacionais, as estruturas intermédias e as bases.
Orlando Dias termina dizendo que a atual liderança promoveu, reiteradamente, uma entorse da democracia interna, que se iniciou em 2013 e foi se desenvolvimento ao longo dos anos, procurando afirmar um líder incontestável, em detrimento de um MpD colegial, partilhada, plural e interoperacional.