O Primeiro-ministro defendeu que Cabo Verde deve estar na linha frente de todos os combates pelos oceanos. Ulisses Correia e Silva, que presidia a abertura da 6ª edição do Cabo Verde Ocean Week, que decorre no Mindelo até o dia 17 sob o lema ‘Mudando as marés’, justificou esta sua afirmação dizendo que o país é pequeno, muito pequeno, mas faz questão de ser relevante. “Temos de industrializar e desenvolver a nossa economia com energia limpa, desenvolver a economia marítima com sustentabilidade, preservar e conservar os ecossistemas”, elencou.
Segundo o Chefe de Governo, a opção de Cabo Verde é clara: reduzir a dependência dos combustíveis fósseis por motivos económicos, ambientais e climáticos. “O aumento da eficiência energética é um imperativo de um país que, necessariamente, tem de reduzir a dependência de combustíveis fósseis. O que consumimos em termos de energia representa 80% da nossa importação e estamos expostos a crises energéticas, aumentos de preços internacionais dos combustíveis, com impacto na balança de pagamento, na economia das famílias e das empresas”, argumentou Ulisses Correia e Silva.
Perante este cenário, enfatizou, Cabo Verde não tem alternativa a não ser investir na energia renovável e na energia limpa. E é com este propósito que o país está a acelerar a transição energética para, em 2030 ter mais de 55% de produção de electricidade através de fontes de energias renováveis. “Para Cabo Verde a energia renovável faz muita ligação à água. É um imperativo também criar condições a dependência da exposição a situações relacionados com fenómenos meteorológicos extremos, como secas severas. Por isso, a produção de água dessalinizada e a utilização de águas residuais.”
Neste contexto, prosseguiu, o desenvolvimento de competências no domínio da economia azul, ou seja, gerir de forma sustentável os recursos oceânicos e costeiros e promover o desenvolvimento sustentável dos recursos marinhos; posicionar Cabo Verde como um centro de desenvolvimento de competências, através da formação técnica e profissional, da investigação e desenvolvimento e do ensino superior. Ainda: posicionar o país como uma plataforma logística e marítima na atividade portuária, reparação naval, produção de energia limpa, pesca, aquacultura, turismo, entre outros. “Com determinação e sentido estratégico de tempo perseguimos estes objectivos”, frisou, ajuntando que “se há país que deve colocar como centralidade a questão do oceano é Cabo Verde, sendo que mais de 90%.”
O ministro do Mar incidiu optou por o seu discurso na programação deste evento, designadamente nas conferências sobre a gestão sustentável das pescas, na potencialidade dos desportos náuticos, na governança dos oceanos, nas tecnologias e inovações no contexto da economia azul, etc, e nos convidados que vem para partilhar, mas também para aprender. “O CVOW tem como objectivo levar o debate e a construção de uma nova narrativa do mar e dos oceanos para junto das comunidades”, afirmou, destacando o facto de se ter preocupado em levar as crianças de S. Pedro, que nas escolas azuis, fundadas e criadas através do Ocean Week, está-se a construir uma nova consciência.
Entende Abraão Vicente que, para Cabo Verde, o mar é algo concreto e uma grande oportunidade em todos os sentidos. Mas, para isso, defende, é preciso voltar para o mar. “É preciso um maior conhecimento do mar, maior investigação, maior investimento de nós, como Estado, no mar. É preciso conhecermos melhor o mar”, reforçou o ministro do mar, destacando a união para se construir uma nova narrativa de um país que muito pode oferecer ao mundo a partir do seu imenso mar, da sua investigação cientifica, do uso sustentável dos seus recursos para o futuro de toda a humanidade.
É que, disse o governante, as Nações Unidas foram claras ao afirmar que, em 2050, haverá mais lixo no mar do que organismos vivos. “É esta imagem que nos deve tirar o sono. Como inverter esta tendência, como fazer com que todas as instituições no país compreendam que o mar não é assunto só do ministério e do governo”, indicou, acrescentando que a “Ocean Week não é apenas um ciclo de conferências. É também um ciclo de aprendizagem, onde nós como governantes, como dirigentes das instituições, como presidentes das câmaras municipais, teremos de ter essa narrativa e municipalizar.”
O presidente da CMSV, na qualidade de anfitrião, deu às boas-vindas aos presentes e chamou a atenção para a importância do mar para Cabo Verde “O potencial económico do mar é uma certeza. A valorização da importância estratégica do mar deve ser caracterizada através de uma gestão sustentável das nossa marítimas, com o propósito de tirar o pleno partido das suas potencialidade económicas, sociais e culturais, devendo esta acção pautar-se por uma politica abrangente, integrada e de longo prazo”, declarou Augusto César Neves, para quem gerir o mar e a sua utilização sustentável é um repto que deve ter alcance proporcional à grande dimensão da área marítima do arquipélago.
Em suma, afirmou o autarca, o mar não é apenas um recurso natural para o país. É um elemento decisivo na geografia de Cabo Verde porquanto liga o arquipélago ao continente e ao mundo e representa uma relevante área geoestratégica para a segurança atlântica.