CVOW 2024: PM desafia os cabo-verdianos a cimentarem uma cultura voltada para o mar 

O Primeiro-ministro desafiou os cabo-verdianos a reforçar o compromisso para a preservação e conservação dos oceanos e, principalmente, a cimentarem uma cultura voltada para o mar. Ulisses Correia e Silva, que presidia a abertura oficial da VIIª edição de Cabo Verde Ocean Week, no Centro Oceanográfico do Mindelo, garantiu ainda que cada edição é única porque junta especialistas, cientistas, ambientalistas, empresários e decisores políticos em prol dos oceanos.    

De acordo com o Chefe do Governo, por estes dias, os participantes vão dar ‘voz aos oceanos’ através de debates e partilhar experiências e boas práticas da gestão sustentável dos recursos marinhos, de proteção e conservação da biodiversidade, assumindo um forte compromisso com a ação climática e ambiental. ‘Nunca é demais reafirmar que o oceano está intimamente ligado aos desafios globais que a humanidade enfrenta: aquecimento global, mudanças climáticas, suprimentos de energia, recursos naturais, segurança alimentar, saúde e segurança marítima. Mas o oceano está também ligado a um enorme potencial para aumentar o crescimento econômico, o emprego, estimular a inovação e tem importância decisiva para os pequenos estados como o nosso’, sublinhou. 

No caso de Cabo Verde, afirmou, o problema da seca, sobretudo das secas severas, com as alterações climáticas, torna-se cada vez mais um desafio. É preciso baixar os custos para poder viabilizar a agricultura e dar espaço às situações de déficit de água mobilizada através das fontes subterrâneas. ‘Os desafios globais, os compromissos nacionais às potencialidades dos oceanos são razões mais do que o suficiente para realizarmos anualmente o Ocean Week e para estarmos aqui reunidos neste pequeno país insular em desenvolvimento. Pequeno em território, mas grande na sua zona económica.’

Correia e Silva frisou que Cabo Verde traçou como objetivos estratégicos alcançar o desenvolvimento sustentável com maior contribuição de recursos oceânicos e costeiros, mas geridos de uma forma sustentável. Para o PM, a Carta Política da Economia Azul, o Plano Nacional de Investimentos para a Economia Azul e o Regime de Ordenamento das Atividades da Pesca nas Águas Marítimas e no Alto Mar são instrumentos importantes que o país tem à disposição. Estão aprovados e em implementação.

‘O fomento do conhecimento e proteção da biodiversidade marítima e das zonas costeiras, a literacia do oceano e a integração de uma iniciativa muito interessante que é a rede de escolas azuis do Atlântico são importantes para o suporte à exploração sustentável de recursos marinhos e para a educação e a capacitação das crianças, adolescentes e jovens’, pontuou, realçando ainda necessidade de posicionar o Centro Oceanográfico como uma plataforma de diálogo político e de produção de conhecimento em assuntos do oceano, atmosfera e mudanças climáticas.

Segundo o PM, é objetivo estratégico do país reduzir a dependência e o uso de combustíveis fósseis para produção de energia. ‘Estou a falar de electricidade, mas também do uso de combustíveis fósseis para o uso em viaturas de transporte de todo o tipo, incluindo embarcações e navios de pesca.  O reforço conexo água-energia é decisivo para Cabo Verde. ‘Isto tem forte impacto na balança de pagamento, na redução da cultura energética  e na redução das exposições aos choques externos, que nos são impostos quando há crise. Temos condições e recursos para reduzirmos essa dependência.’

Ministro do Mar, Jorge Santos

A título de exemplo, afirmou que o arquipélago espera atingir a neutralidade carbónica em 2050 e ter, em 2026, mais de 30% da produção de eletricidade, através de fontes renováveis.‘A perspectiva é de acelerar. Em 2030 atingiremos mais de 50% da produção de eletricidade através de energias renováveis e, em 2040, mais de 80%’, elencou, indicando que são metas realistas, mas desafiantes, para o país ter energia de forma segura e sustentável. 

Para o Ministro do Mar, a presença do PM na abertura do CVOW é a prova do interesse e da centralidade do Governo  em tudo o que diga respeito a políticas públicas para o mar e para os oceanos. Jorge Santos aproveitou para agradecer os parceiros de Cabo Verde por esta causa dos oceanos, casos do Geomar, Imar, UTA, EMAR, de entre outros, e sinalizou as várias atividades e os diálogos profundos com empresários. ‘O que se pretende com esta sétima edição do CVOW é dar uma centralidade muito forte à questão do capital humano. E falar do capital humano é falar do Campus do Mar, da formação académica na Universidade, da formação profissional e técnica e da investigação científica.Portanto, são esses três componentes fundamentais para fortalecer os recursos humanos e o capital humano.

A abertura oficial da VIIª edição de Cabo Verde Ocean Week contou com a presença da embaixadora dos Estados Unidos, do representante da FAO, da embaixada do Brasil, de uma delegação do Geomar, e ainda instituições e serviços sediados em S.Vicente. Antes dos discursos foram atribuídos selo azul aos padrinhos do mar, caso da Marina do Mindelo, Escola do Mar, Cabnave, Cavibel, entre outros.  

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