O coordenador do Programa das Pequenas Subvenções do Fundo Mundial para o Ambiente (GEF SGP) faz um balanço ‘muito positivo’ do Encontro Nacional de Troca de Experiências, realizado nas ilhas de São Vicente e Santo Antão entre os dias 21 e 24 de outubro. Organizado em parceria com a Organização das Mulheres de Cabo Verde, o encontro abrangeu 17 organizações subvencionadas e Ricardo Monteiro aproveitou para alertar os presentes para a necessidade de mudanças na sua organização e funcionamento por forma a facilitar o acesso aos recursos financeiros.
Para Monteiro, esta foi uma oportunidade ímpar para troca de experiências entre os ongs, para além de ter sido muito bem organizado não só pelo GEF SGP, como também pelos parceiros no terreno. ‘Foi muito positivo, mas é claro que tivemos desafios pelo facto de trabalharmos entre duas ilhas. Mas os objetivos foram conseguidos. Ontem tivemos a oportunidade de expor os nossos parceiros às problemáticas de outras ongs por forma a melhor entenderem o funcionamento e as respostas futuras. Hoje não podemos ter uma organização que responde apenas a energia ou a agricultura, por exemplo. Tem de fornecer respostas à segurança alimentar, acesso à água, à saúde pública.’
Por outro lado, prossegue este entrevistado do Mindelinsite, há necessidade de aproveitar esta plataforma para uma mudança no processo associativo a nível legal e também na forma como podem continuar a trabalhar. Tudo isso para facilitar o acesso aos fundos, ou melhor aos recursos financeiros. ‘As ongs precisam estar bem organizadas, serem transparentes e passarem a reportar aos financiadores, mas também aos poderes local e central, aos beneficiários e às comunidades.’
Para o coordenador do GEF SGP, esta falta de transparência deve-se, em muitos casos, à falta de conhecimento. Neste sentido, aproveitou para chamar a atenção para a necessidade das ongs terem equipas profissionais e passarem a se organizar de formas diferentes para poderem responder mais rápido, com mais rigor e com mais impacto. ‘Mas creio que estamos no bom caminho. Já obtivemos resultados interessantes aqui. Por exemplo, vimos hoje o impacto do projeto ‘Luz para as meninas’ , que com certeza vai expandir, com apoio do Programa das Pequenas Subvenções ou com outros parceiros.’
Para Ricardo Monteiro o impacto deste projecto em particular – Luz para as Meninas – se deve à pobreza energética, que resulta muitas vezes da falta de recursos financeiros para solicitar rede da concessionária energética, mas também para suportar os custos da factura. E, com isso, vai afetar a produção agrícola e a segurança alimentar das famílias. ‘Pobreza energética é algo que temos de passar a refletir melhor e com mais rigor por forma a dar mais acesso financeiro a energia e para todos.’
Para além das organizações subvencionadas de São Vicente, Santo Antão, Fogo, Santiago, o encontro contou ainda com a presença de duas convidadas, número que Ricardo Monteiro considera extenso. Mesmo assim, garante que foi possível manter o controle e partilhar informações de forma correta.