O marinheiro André David desafiou a administração da Cabo Verde Inter-ilhas, directores e chefes operacionais a apresentarem provas “concretas” e “verdadeiras” da sua avaliação de desempenho enquanto Imediato do navio Sotavento e que levaram à rescisão do seu contrato, como informou publicamente a empresa de transporte marítimo. Esse profissional acrescenta que, caso a empresa achar necessário, que peça também um parecer das Capitanias dos Portos de Barlavento e de Sotavento, bem como aos armadores com os quais já trabalhou, sobre a sua conduta ao longo dos 45 anos de trabalho na marinha mercado nacional e internacional.
Numa carta enviada à comunicação social, André David acusou a CVI de denegrir a sua imagem ao revelar as “razões” do seu despedimento e levar a opinião pública a tirar eventuais opiniões erradas a seu respeito. Neste sentido, o ex-Imediato do Sotavento decidiu remeter a nota à imprensa com o intuito de defender a sua honra e ao mesmo tempo confirmar as informações divulgadas pelo sindicato Simetec sobre as condições de trabalho e a carga horária excessiva a que os marítimos estavam sujeitos nas viagens entre as ilhas. Segundo David, o Simetec descreveu com exactidão os factos ocorridos nos dias em que estavam sobrecarregados, assim como o stress e o cansaço físico provocado pela situação laboral. No entanto, acrescenta, houve outras ocorrências que o sindicato não fez referência e que ele considera relevantes.
Elucidando, conta, a certa altura, os diários (navegação e máquinas), os livros onde o Capitão e o Chefe de Máquinas registam todas as ocorrências das viagens, deixaram de constar com os vistos da Capitania dos Portos de Barlavento, o que estranha. “A preocupação e o reporte à Capitania dos Portos de Sotavento por parte dos Delegados Marítimos de Fogo, Brava e Maio sobre a situação dos tripulantes que estiveram a trabalhar horas excessivas, ficou sem efeito”, denuncia, realçando que houve um relato no diário de navegação do Capitão do Sotavento no dia 20 de Outubro sobre uma reunião entre os marinheiros e oficiais, na qual reclamaram mais descanso, mas que não mereceu o devido tratamento por parte da companhia.
“Para que conste, em momento algum incitei à rebelião dos marinheiros ou de qualquer outro tripulante. Limitei-me apenas a reportar os factos junto do Capitão do navio na qualidade de Imediato e tomamos a medida que achamos ser a mais correcta na altura”, explica André David, que contraria a CV Inter-ilhas ao afirmar que no “alegado período experimental” do seu contrato nunca houve uma avaliação do desempenho enquanto Imediato por parte do Capitão, dos clientes e pior ainda da empresa.
Segundo David, com a entrada da CVI no mercado parece que agora tudo virou novidade. Como explica, é corrente que, quando uma companhia pretende desembarcar um tripulante, é obrigada a transporta-lo ao porto de embarque seja por que meio for preciso. Isto, diz, faz parte do contrato, logo a CVI apenas cumpriu um dever em relação ao seu caso.
Igualmente, acrescenta, o pagamento do subsídio de isenção de horário de 35% do salário base é também prática de todas as companhias e não uma novidade instituída pela CVI. “O que a administração não sabe é que a isenção de horário só se aplica se necessário e que, por lei, não se pode ultrapassar duas horas diárias”, sublinha, deixando claro que é a primeira vez que uma empresa coloca em causa o seu profissionalismo e ética nos 45 anos de carreira.
Enquanto conhecedor dos direitos dos tripulantes, enfatiza André David, é também defensor dos mesmos, pelo que nunca tolerará injustiças que possam colocar em causa a integridade física e psicológica dos marítimos. Como diz, o bem-estar desses profissionais é fundamental para o cumprimento das regras internacionais de segurança e, ao colocar em causa o seu desempenho pelo simples facto de zelar pelos direitos dos tripulantes, o administrador executivo Paulo Lopes e a direcção dos Recursos Humanos da CVI deram mostras de desconhecerem a marinha mercante e muito menos as questões ligadas à segurança marítima.
Recorde-se que André David foi despedido pela CVI, que negou que essa medida esteja relacionada com protestos dos tripulantes do navio Sotavento por causa da carga horária. Em comunicado enviado ao Mindelinsite, a empresa afirma que a “não continuidade” de André David em funções deveu-se ao “resultado da sua prestação observada durante o período experimental” do seu contrato de trabalho.
A companhia explicou na altura que, devido a redução súbita da sua frota de embarcações, por motivos técnicos, precisou adotar medidas de emergência para assegurar os serviços mínimos de transporte de passageiros e mercadorias. Perante essa circunstância, adianta a CVI, todos os seus colaboradores, tripulantes e pessoal de terra fizeram voluntariamente um esforço adicional de trabalho.
Recorde-se que André David foi despedido pela CVI, que negou que essa medida esteja relacionada com protestos dos tripulantes do navio Sotavento por causa da carga horária. Em comunicado enviado ao Mindelinsite, a empresa afirma que a “não continuidade” de André David em funções deveu-se ao “resultado da sua prestação observada durante o período experimental” do seu contrato de trabalho.
A companhia explicou na altura que, devido a redução súbita da sua frota de embarcações, por motivos técnicos, precisou adotar medidas de emergência para assegurar os serviços mínimos de transporte de passageiros e mercadorias. Perante essa circunstância, adianta a CVI, todos os seus colaboradores, tripulantes e pessoal de terra fizeram voluntariamente um esforço adicional de trabalho.
Kim-Zé Brito