Informações veiculadas por dois jornais digitais estrangeiros, e que estão a ser partilhadas nas redes sociais, foram desmentidas por uma fonte próxima do processo judicial que decorre contra o colombiano Alex Saab, preso em Cabo Verde com base num mandado internacional por crimes graves alegadamente cometidos contra os Estados Unidos. Conforme essa fonte, essas notícias são claramente falsas. Utiliza como exemplo uma informação publicada pelo jornal conexaopolitica.com.br, segundo a qual o regime da Venezuela ofereceu uma recompensa de até 10 milhões de dólares pela “remoção” de Alex Saab da cadeia de Ribeirinha, em S. Vicente, “vivo ou morto”.
“Na cabeça de quem o presidente Nicolás Maduro iria divulgar uma informação desse teor?! Se quisesse Saab morto é claro que não iria deixar ninguém saber isso. Por aqui vê-se bem que essa informação é falsa”, comenta essa fonte sob anonimato, que se baseia ainda no facto de um outro jornal ter afirmado que Saab já foi extraditado para os Estados Unidos, quando ainda o processo está em curso. Pelas informações que dispõe, o dossier ainda está na Procuradoria-Geral da República, de onde será remetido para o gabinete da ministra da Justiça e mais tarde para o tribunal, um caminho que pode levar cerca de um mês a percorrer.
Entretanto, o website primerinforme.com noticiou a chegada à ilha do Sal de um avião da Força Aérea do Reino Unido, supostamente para apoiar os Estados Unidos no processo de extradição de Alex Saab. Um técnico aeronáutico confirmou ao Mindelinsite a presença de uma aeronave C-17 na pista do aeroporto Amilcar Cabral e assegurou que esse cargueiro possante costuma passar por Cabo Verde rumo à ilha de Ascensão, onde a Inglaterra tem uma base militar. Inclusivamente adianta que o avião já meteu o plano de voo e que deve partir em breve, pelo que, para ele, será forçado relacionar a sua presença com a “guerra-fria” entre os Estados Unidos e a Venezuela por causa de Alex Saab.
Aliás, nos últimos dias correm informações sobre o movimento de aviões da Venezuela em direcção à Guiné-Bissau e que são entendidos como um jogo de força relacionado com o processo de Alex Saab.
É tido como certo, no entanto, que a Venezuela tem estado a pressionar Cabo Verde para libertar Alex Saab, alegando que a sua detenção é ilegal, que o visado estava em serviço diplomático e que a sua prisão outra coisa não é mais do que uma pressão dos Estados Unidos para capturar o colombiano/venezuelano. É que Saab é acusado pela América de crimes graves, como tráfico de droga, corrupção, lavagem de capitais e de ser um grande aliado do regime de Nicolás Maduro na Venezuela. A América já pediu inclusivamente a extradição para poder julgar Saab.
O próprio presidente Jorge Carlos Fonseca admitiu que a detenção do empresário colombiano constitui um caso delicado para a justiça cabo-verdiana. Aliás, Fonseca reconheceu que o caso tem as suas implicações e diz não se lembrar de ter recebido tantos telefonemas de outros Chefes de Estado por causa da detenção de Alex Saab. No entanto, advertiu que o processo deve ser conduzido mediante as regras de um Estado de direito democrático como é Cabo Verde.