Paulo Barros é mais um jovem da segunda geração de cabo-cabo-verdianos a disputar as eleições regionais em Lazio, na Itália, marcadas para este domingo e segunda-feira, 12 e 13. Filho de Assunta Barros, as suas raízes estão na ilha de São Vicente e, apesar de ter nascido em Itália, até atingir a maior idade teve passaporte cabo-verdiano e cartão de residência porque não era considerado cidadão italiano. Por conta disso, sofreu muita discriminação, que deixaram marcas profundas. Foi dali que surgiu este interesse de lutar contra todas as formas de discriminação.
Por: Maria de Lourdes Jesus
– Como nasceu o seu interesse pela política?
A minha experiência política começou por volta dos 18 anos, após a obter a cidadania italiana. Na altura em que nasci, 1989 a cidadania italiana era exclusivamente para filhos dos italianos. Os dos imigrantes, mesmo nascidos na Itália, não gozavam desse privilégio. Não eram reconhecidos como filhos desta nação. Até atingir a maior idade tinha o passaporte cabo-verdiano e o cartão de residência para estrangeiros. Sofri muito pela discriminação a que estava sujeito. Discriminação essa que deixou marcas profundas na minha infância e ao mesmo tempo, contribuiu para desencadear em mim um profundo sentido de responsabilidade perante a nossa e as próximas gerações, que deveriam seguir o mesmo caminho para obter a cidadania, não obstante tivessem nascido ou crescido em Itália. É neste contexto que nasceu em mim o interesse a lutar contra todas as formas de discriminação nesta sociedade.
– Quando entrou em política?
A minha primeira vez foi em 2014, quando entrei no partido Movimento 5 Stella (M5S). Foi nesse partido que comecei a fazer política seriamente. Em 2016 fui eleito pela primeira vez com o M5S “nel Comune di Roma“ no qual ocupei o cargo de Presidente da Comissão de Mobilidade e periferia urbanas, até ao final do meu mandato, em setembro de 2021. Para estas eleições da Regione Lazio candidato-me pelo partido “Verdi. Sinistra” (Verdes. Esquerda).
– Quais são as propostas que vai apresentar aos eleitores?
Pode-se dizer que o tema da cidadania, com todos os problemas complexos que levanta, tem sido a minha principal preocupação até agora. Mas o meu compromisso é também para com as pessoas com deficiência, com quem exerço a minha profissão e pelas quais sinto um sincero envolvimento humano. A ideia é de representar e dar voz aos últimos, às pessoas que não têm a devida atenção da política, aos esquecidos, como os estrangeiros, os idosos, os deficientes, e finalmente dar voz às primeiras e segundas gerações que têm direito em reivindicar e exercer os seus direitos, como um livre cidadão. As minhas propostas concentram-se também nos problemas de trabalho, direitos e igualdade de oportunidades para todos os cidadãos de nossa grande região. Estou convencido que é necessário e urgente dar maior atenção à saúde pública, especialmente após a pandemia do COVID-19, que afetou o mundo inteiro. Roma, como capital, deve ser capaz de dar respostas concretas às justas necessidades dos seus cidadãos.
– Quantos votos precisa para ser eleito?
Vou precisar de milhares de votos para ser eleito! É um desafio difícil, mas confio no apoio da nossa grande comunidade.
– Quer deixar aqui uma mensagem para os cabo-verdianos residentes na Regione Lazio?
Aos cabo-verdianos e às cabo-verdianas digo que já fui eleito uma vez, ganhei experiência, e hoje tenho uma preparação e capacidade para poder enfrentar com coragem este desafio, para melhor representar os nossos princípios e preservar os nossos valores. Se for eleito seria uma grande vitória para a nossa comunidade e para Cabo Verde. Uma ocasião para reforçar e enriquecer a nossa bela imagem em Itália.