Cabo Verde vai nomear em breve um Cônsul Honorário em Dubai e abrir Embaixada num dos países do Médio Oriente, segundo o Primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva. O Chefe do Governo anunciou essas medidas no Cabo Verde Forum Investiment realizado no âmbito da Expo 2020 Dubai, com o objectivo de atrair o interesse de empresários dessa região para o arquipélago. Correia e Silva enfatizou que, com essa aproximação diplomática, Cabo Verde demonstra a sua abertura em reforçar o diálogo com os Emirados Árabes Unidos e lançar as relações económicas e de investimentos com esse Estado.
Antes disso, lembrou que os dois países iniciaram as suas relações diplomáticas em julho de 2006, têm um acordo aéreo bilateral desde setembro de 2015 e que estão em curso os acordos de proteção e promoção de investimentos e para evitar a dupla tributação.
No seu discurso no fórum de investimento, Ulisses Correia e Silva “vendeu” Cabo Verde como uma democracia liberal com uma economia aberta, liberalizada e uma “boa dinâmica” de atração do investimento externo directo. Realçou ainda a estabilidade política e social – “baixos riscos políticos e sociais e baixa corrupção” –, a paridade fixa do escudo com o euro e a convergência técnica e normativa com a União Europeia, no quadro da Parceria Especial estabelecida em 2007. “Satisfazemos, de uma forma estrutural, requisitos importantes para os investidores: estabilidade, segurança jurídica e confiança”, pontuou Correia e Silva.
O Primeiro-ministro realçou ainda que Cabo Verde está a apostar “forte” na melhoria do Doing Business, através da transformação digital, e deixou claro que o arquipélago deseja receber investimentos dos EAU. Frisou, entretanto, que será preciso estabelecer uma conectividade dos transportes entre os dois países para poderem desenvolver o turismo e negócios. “Transações económicas e mobilidade fazem nascer a oferta de transporte”, fez notar Ulisses Correia e Silva, para quem esta é uma necessidade para a emergência e o desenvolvimento das relações económicas pretendidas.
Segundo o PM, este Estado atlântico sentiu o choque da crise pandémica, que provocou a contração de 14,8% da sua economia, em 2020. Assegurou, no entanto, que há sinais de retoma, com o estímulo do turismo e a previsão de crescimento económico de 7% em 2021 e 6% em 2022. “A pandemia acelerou a necessidade de se tornar a economia cabo-verdiana mais resiliente, menos vulnerável a choques externos e mais diversificada”, acentuou o PM. Correia e Silva reforçou que CV quer posicionar-se como um país seguro do ponto de vista sanitário e com um bom sistema de saúde. Aliás, apontou a Saúde como uma das áreas de oportunidades de investimento.
Ulisses Correia e Silva assegurou que o Governo está a trabalhar para recuperar e relançar a economia no pós-pandemia para tornar o sector mais sustentável. Para isso, está a priorizar o desenvolvimento do capital humano, a transformação digital, a transição energética, o turismo e hub aéreo, a economia azul e a indústria. A seu ver, os investimentos dos empresários árabes devem ter em conta a localização geoestratégica de CV perto da África, Europa, Estados Unidos e Brasil, as facilidades comerciais derivadas da integração do arquipélago na CEDEAO, a pertença de CV à Zona de Comércio Livre, as parcerias com a Europa e as relações com a América, no quadro do programa AGOA.