O Governo vai levantar parcialmente o embargo aos produtos agrícolas de Santo Antão, em vigor desde 1984 devido à praga dos mil pés, anunciou o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, que se encontra de visita desde ontem, segunda-feira, a ilha das montanhas.
O Chefe do Executivo fez estas declarações no encerramento da apresentação ontem do Plano de Retoma Económica. Considerou ainda que o embargo tem sido “um grande constrangimento” para os escoamento dos produtos agrícolas de Santo Antão, em relação às ilhas do Sal e da Boa Vista. “São um mercado emergente, consumidor de produtos agroalimentares e não representam risco imediato relativamente à propagação e disseminação da praga dos mil-pés. Desta forma, vamos permitir que haja mercado para os produtos de Santo Antão”, pontuou.
Segundo Correia e Silva, o Ministério da Agricultura está a trabalhar com a cooperação chinesa, através de um instituto de investigação da China, para encontrar “uma solução estruturante para a praga dos mil pés”. “Tivemos algum atraso por causa da pandemia, mas aguarda-se a qualquer momento a vinda de chineses, com experiência no assunto, para nos ajudar a mitigar os efeitos desta praga”, afirmou.
“Vamos intensificar a prospeção de águas subterrâneas com os furos necessários, e continuar os investimentos em reservatórios, diques e criar as condições para podermos de fato mitigar os efeitos da falta de água e darmos respostas estruturantes no setor da agricultura, com soluções sustentáveis”, acrescentou ainda o Primeiro-ministro.
Os mil pés são conhecidos em Santo Antão desde os anos 70, quando surgiu no vale da Ribeira Grande, zona de agricultura de irrigação. Na década de 1980 tomou a proporção de praga e autoridades proibiram a exportação de produtos agrícolas da ilha, deixando apenas que chegassem à São Vicente.
Em 2013, surgiu um foco em São Nicolau, mas que segundo o Ministério da Agricultura foi controlado, e, em 2021, foram detectados dois focos na ilha de Santiago, um no Tarrafal e outro na Praia. Os dois focos, encontrados em jardins de duas casas, estavam interligados, já que estas pertenciam ao mesmo dono. As plantas foram destruídas e foi feito um tratamento fitossanitário em todo espaço.
C/Inforpress