Cabo Verde desceu quatro posições no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, seguindo a tendência mundial que mostra uma desaceleração generalizada após o crescimento pós-Covid e antes dos cortes na ajuda internacional, alertou o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em um relatório divulgado esta terça-feira. Seis dos nove membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa melhoraram a sua performance.
Cabo Verde passou da posição 131 para a 135, numa avaliação que se centra no desempenho dos países em 2023. Quanto aos restantes CPLP, Portugal ocupa a 40.ª posição face à 42.ª registada no relatório anterior, seguido-se o Brasil que subiu do 89.º lugar para o 84º. A Guiné-Equatorial manteve-se na 133.ª posição e São Tomé e Príncipe no 141.º lugar, enquanto Timor Leste subiu do 155.º para o 142.º lugar. Também Angola registou uma melhoria, passando da posição 150.ª para a 148ª.
Guiné-Bissau alçou de 179ª para 174ª e Moçambique subiu uma posição, de 183 para 182, neste ranking que é liderado por seis países nórdicos: Islândia, Noruega, Suíça, Dinamarca, Alemanha e Suécia. Na cauda da lista estão países como o Sudão, Somália, República Centro-Africana, Chade, Níger e Mali. “A brecha entre os países ricos e pobres aumentou ainda mais”, lê-se no relatório. “Se o progresso lento registrado em 2024 se tornar ‘o novo normal’, alcançar o nível de desenvolvimento elevado esperado poderia levar várias décadas a mais, o que tornaria nosso mundo menos seguro, mais dividido e mais vulnerável aos choques económicos e ecológicos”, alertou o diretor do PNUD.
Segundo Achim Steiner, a questão é ainda mais preocupante porque a desaceleração começou antes dos cortes anunciados recentemente à ajuda internacional por vários países, em particular pelos Estados Unidos da América. “Se os países ricos pararem de financiar o desenvolvimento, isso terá um impacto nas economias, nas sociedades e, dentro de um ou dois anos, pode ter repercussões no IDH, expectativa de vida menor, redução da renda, mais conflitos”, declarou Steiner em uma entrevista à AFP. “A conclusão geral é, de fato, bastante preocupante”, acrescentou.
Embora os especialistas do PNUD ainda não tenham certeza sobre as causas subjacentes da desaceleração observada em 2024, eles identificaram a desaceleração dos avanços na expectativa de vida, talvez vinculada aos efeitos colaterais da Covid ou às guerras que se multiplicam no mundo.