O ministério da Educação mobilizou, junto do Banco Mundial, um financiamento para suportar a reforma do ensino secundário do 9º ao 12º ano de escolaridade e a formação continua dos professores por forma a elevar o nível e alinhar o perfil dos alunos cabo-verdianos aos dos países mais desenvolvidos, garantiu Amadeu Cruz, no discurso de posse do novo delegado da Educação de São Vicente, Jorge Anildo da Luz. O montante destina-se a financiar a montagem e equipamento dos laboratórios, especialmente os de tecnologias, para elaborar manuais do 1º ao 12º ano de escolaridade e também para custear a formação continua dos professores.
Sem avançar valores, o ministro da Educação explicou que, concluída que está a reforma do ensino básico – encontra-se em fase de avaliação e que consistiu na valorização da identidade cabo-mediana através do reforço do ensino da historia, da geografia, dos valores da cidadania e da democracia, na valorização das línguas e reintrodução do ensino do francês e do inglês, mas também no reforço do ensino do português, da matemática e das tecnologias -, ja2 está em curso a reforma do ensino secundário. “O 9º ano de escolaridade já está a funcionar em modelo reformado, com uma nova matriz curricular em que o objectivo fundamental é a consolidação das competências obtidas no básico, particularmente do segundo ciclo, visando a preparação dos adolescentes para a via vocacional, para a tomada de decisões sobre o futuro que os espera”, afirmou.
Neste sentido, diz Amadeu Cruz, o ministério da Educação introduziu as tecnologias como disciplina obrigatória no 9 ano e reforçou o ensino do inglês e do francês e da língua cabo-verdiana como opção a partir do 10º ano, como forma de preparar os jovens para uma decisão consciente e informada sobre a vocação e formação académica. “As matrizes curriculares de todo o ciclo, do 9º ao 12º ano, estão prontas, foram socializadas com os dirigentes do ME e serão submetidas em breve ao Conselho de Ministro para aprovação. Mobilizamos uma linha de financiamento, através do Banco Mundial, para reforço dos laboratórios, particularmente das tecnologias, mas também para elaboração e produção de manuais do 1º ao 12º ano de escolaridade”, detalhou.
Todos os manuais serão elaborados pelas academias e universidades, particularmente pela Universidade de Cabo Verde, produzidos de acordo com a realidade do país, mas também por consultores de fora. O objectivo, clarifica, é promover o alinhamento do perfil de saída dos alunos com o de ingresso nas universidades, seja no país, mas também com os estudantes do ensino secundário da Europa Ocidental, da América do Norte e de alguns países asiáticos para que os estudantes nacionais possam competir com o mundo global com os colegas dos países mais desenvolvidos. “Mas a qualidade do ensino não depende apenas da reforma. Depende dos professores, dos materiais didácticos, do sistema de avaliação e da qualidade das infraestruturas. No fundo, depende de um ecossistema escolar que possa propiciador de uma verdadeira inclusão educativa dos nossos estudantes”, pontua.
Paralelamente, de acordo com o governante, o Ministério da Educação está a desenvolver e a implementar o Plano Nacional de Formação dos Professores para propiciar oportunidades de superação em matéria de conhecimento pedagogia, metodologia e cientifico. Para isso, está-se a desenhar e a reestruturar o sistema de comunicação, de tecnologias e multimídia para servir de suporte a formação continua dos docentes, com recurso a TV Educativa, Radio Educativa e da rede tecnológica da formação à distância.
Excesso de alunos
Dentro deste pacote, a par de outras medidas, o ministro anunciou a aposta na reabilitação das escolas do pré-escolar, do ensino básico, secundário e universitário. Para o efeito, está-se a ultimar o Plano Nacional de Construção, Ampliação e Reabilitação de Infraestruturas Educativas para dar respostas as necessidades emergências e de desenvolvimento do sector. “Estamos a enfrentar no corrente ano lectivo um excesso de alunos. Temos um rácio muito acima daquilo que estava estabelecido, particularmente na ilha do Sal, mas também em S. Vicente, na Escola Secundaria Jorge Barbosa, igualmente na Praia e em Santa Catarina de Santiago.”
Por conta disso, o ME terá de ampliar as respostas em termos de infraestruturas educativas, ter mais disponibilidades de salas de aulas nos diversos conselhos, sendo que a emergencia maior neste momento é na ilha do Sal, onde vai ser construído em regime de urgência um complexo educativo. “Em SV temos necessidade de ampliar a oferta de salas nas escolas do ensino básico segundo ciclo por forma a libertar as escolas secundarias essencialmente para o ensino secundário, para que estas não percam a sua identidade, que não pode ser diluída num contexto de agrupamento. Estamos a falar, em concreto, das escolas de Monte Sossego, Ribeirinha, Chã de Alecrim e Madeiralzinho, onde iremos construir mais salas de aulas.”
Infelizmente, diz, este não será um projecto imediato por falta de recursos. Mas, diz, dentro do possível, o ME irá melhorar as infraestruturas escolares. Citou, em jeito de exemplo, as escolas secundarias José Augusto Pinto, Jorge Barbosa e LLL que também precisam de um olhar da tutela e melhorar algumas condições físicas.