Uma macroalga verde denominada Caulerpa tem vindo a invadir a enseada mais abrigada do arrastador perto da chamada “praia privada” na Baía das Gatas, o que, conforme o biólogo marinho Rui Freitas, constitui um sério perigo à biodiversidade marinha nativa nesse local. Aliás, os efeitos já começam a ser sentidos, pois, segundo esse especialista, o ambiente marinho nessa área está claramente afectada e empobrecido, com o pavimento dos corais invadido. Neste momento, diz, pode-se encontrar alguns poucos juvenis de bidiões e um outro pequeno peixe, o que dá uma ideia do ponto da situação. A ciano-bacteria oportunista Lyngbya, prossegue, também já se encontra instalada nos fundos por toda a Baía das Gatas. Um pequeno vídeo efectuado ali ilustra esta situação https://tinyurl.com/y2ql4lt9
Para Freitas, o quadro é tão caótico – pois a alga já está instalada um pouco por vários sítios no arquipélago – que deve ser pensado com urgência quais as medidas de erradicação dessa alga invasora da região, primeiro devido a sua severidade e depois por causa da dimensão espacial quer vertical e horizontal da mesma. “A Caulerpa é um dos organismos marinhos mais agressivos e invasivos no mundo. Pertence a um género responsável por verdadeiros desastres ambientais e económicos (ex: Açores, Mediterrâneo). Ela produz uma toxina que afasta peixes e invertebrados que podiam alimentar-se dela, o que explica que se reproduza rapidamente, impedindo o crescimento de espécies locais”, enfatiza o biólogo marinho por fontes externas, para quem Cabo Verde está a enfrentar uma “temível e brutal” invasão da Caulerpa sem precedentes na zona costeira, já que essa macroalga já foi identificada noutras ilhas, especialmente nas zonas rasas, nomeadamente em Santiago, Sal, Maio e sobretudo em Gatas na Boavista.
Segundo este docente universitário e investigador marinho, a alga pode parecer inofensiva no seu forte verde, mas pertence a um dos mais agressivos gêneros de organismos existentes no mundo. O biólogo apoia-se em exemplos ocorridos noutras partes do planeta, e que estão disponíveis na internet, para ilustrar a sua preocupação.
Esta alga, porém outra espécie, também já foi identificado na praia da Kebra Canela, em Santiago, e que tem uma capacidade de dominar o ambiente marinho onde se instala e, por afastar peixes da sua área, acaba também por ter impactos económicos, como revela a nossa fonte. Daí estar a lançar o alerta e a pedir o apoio de colegas de profissão e das autoridades ambientais para estabelecerem um plano de intervenção, que, na sua opinião, poderá contar com suporte técnico por transferência de conhecimento de técnicos estrangeiros que já lidam com esta situação. Freitas diz-se convicto de haver condições em Cabo Verde para a adopção de um plano de mitigação, erradicação e monitorização urgente da Caulerpa sobre agora na era de campus, ilustres e potencialização da economia azul, conceitos que requerem ambientes saudáveis a todos os níveis.