O Banco de Cabo Verde reagiu à contestação do concurso de recrutamento de dois técnicos em que concorrentes de fora de Santiago alegam que não ter condições para se deslocar à cidade da Praia para fazer o teste de conhecimento presencial, marcado para esta sexta-feira às 9 horas, dizendo que, por norma, os processos de selecção têm sido realizados de forma presencial e as despesas são por conta dos candidatos. Admite, entretanto, que, na decorrência da pandemia, foram realizadas provas à distância, na modalidade online.
Em uma curta resposta remetida ao Mindelinsite, o Banco de Cabo Verde limita-se a dizer que, por norma, os processos de seleção nos concursos de recrutamento têm sido realizados de forma presencial. “Na decorrência da pandemia, sempre que possível e adequado, foram realizadas provas à distância em modalidade online, atendendo às especificidades de cada situação. No entanto, os testes de conhecimentos têm sido realizados presencialmente, de forma a garantir a igualdade de circunstâncias para todos os participantes, em cada concurso”, explica.
Em relação às despesas associadas à deslocação, ou outras, para participação no processo de seleção é ainda mais assertivo. “Estas são por conta do candidato, não cabendo ao BCV suportar os custos associados, sendo o tratamento igual para todos os participantes”, declara na resposta às questões colocadas por este diário digital mindelense.
Curiosamente, é nesta última resposta que o BCV se complica. É que, apesar de evocar “igualdade de tratamento para todos os participantes”, ao negar assumir as despesas de deslocação e alojamento aos concorrentes das demais ilhas ou a fazer teste online, está a penalizar os das outras ilhas. Este é, aliás, o entendimento de fontes dentro do próprio BCV. “Em outros concursos, o BCV tem enviado equipas para aplicar testes nas outras ilhas”, dizem.
Uma delas vai ainda mais longe e incentiva os candidatos a intentarem uma medida cautelar para suspender o concurso, alegando que os concorrentes das outras ilhas têm de ter as mesmas oportunidades que os de Santiago. Em São Vicente, um concorrente chegou a abordar um advogado sobre a possibilidade de enfrentar o BCV, mas foi advertida a desistir por se tratar de uma briga entre “David e Golias”, onde dificilmente teria uma chance.
Toda esta celeuma tem como pano de fundo a denúncia feita ontem no Mindelinsite por uma concorrente apurada para a segunda fase de um concurso de recrutamento do BCV que, entretanto, ficou de fora porque não tinha condições financeiras para se deslocar à cidade da Praia para se submeter a um teste presencial esta sexta-feira. Este confrontou o banco com o facto de esta norma não constar do regulamento, mas o BCV lavou as mãos.
Agora o BCV veio esclarecer que as despesas são por conta dos candidatos, evocando igualdade de tratamento. Esclarece ainda que os testes de conhecimento são sempre presenciais, excepto devido a pandemia em que foram realizados à distância em modalidade online por conta da situação.