O presidente do PAICV em S. Vicente negou esta manhã que Janira Hopffer Almada tenha escolhido o deputado João do Carmo para liderar a corrida à Câmara de S. Vicente nas autárquicas de 2020, tal como avança o jornal digital O País. Segundo Alcides Graça, as eleições municipais estão em cima da mesa do partido, com base num calendário interno, mas até este momento não há nada concretizado. Além do mais, acrescenta, a presidente do PAICV não tem competência estatutária para determinar os candidatos para a Assembleia e a Câmara Municipal. “Quem escolhe os candidatos é a Comissão Política Regional, que depois submete as propostas para o crivo da Comissão Política Nacional. Ou seja, a presidente não tem essa competência”, esclarece Alcides Graça.
Conforme o planeado pelo PAICV, os pré-candidatos têm até finais de Março para manifestarem interesse em presidir as listas para os dois principais órgãos municipais, os mesmos serão submetidos a uma sondagem em Abril, para só no mês de Maio a Comissão Política Regional informar a cúpula do partido quem foram os candidatos escolhidos.
“Dentro de três dias fechamos a primeira etapa, com a manifestação de interesse dos militantes. O processo estará concluído em Maio com a validação dos candidatos pela Comissão Política Nacional”, frisa Graça. Segundo este politico, já começam a surgir manifestações de interesse, mas ainda ninguém formalizou a sua pré-candidatura.
“Dispomos de várias pessoas com perfil e temos de dar oportunidade a todas”, entende Graça, que evitou avançar se pretende voltar a ser candidato à autarquia mindelense para o partido da estrela negra. Para ele, ainda é cedo para se pronunciar.
Em 2020, segundo Graça, o PAICV terá o combate político facilitado por estar na oposição, mas se conseguir mobilizar toda a sua tropa e convencer os simpatizantes a votar nas suas listas, coisa que, na sua percepção, não aconteceu em 2016. “Em 2016 fomos para as autárquicas fragilizados e desmobilizados. Perdemos votos dentro da nossa própria fileira que, conforme a nossa análise, foram canalizados para a UCID. Este partido acabou por crescer e ser a segunda força política em S. Vicente. O MpD, por seu lado, praticamente manteve o seu score, pelo que os votos conquistados pela UCID saíram do campo do PAICV”, analisa Graça.
Nas próximas campanhas autárquicas, o PAICV, na perspectiva desta fonte, já não irá sentir a pressão política e social própria de um partido que estava no poder. Agora, diz, esse ónus encontra-se do lado do MpD, que está tanto no poder central como no municipal. “O MpD tem a responsabilidade de apresentar soluções para Cabo Verde e S. Vicente, o que não tem conseguido. Temos de saber tirar proveito disso, mas só iremos atingir esse objectivo se convencermos o eleitorado que seremos uma alternativa credível e consistente”, salienta Alcides Graça, que está no entanto ciente de que essa tarefa será difícil principalmente em S. Vicente. É que, como diz, o edil Augusto Neves tem estado a instrumentalizar a Câmara de S. Vicente para continuar no poder.
Neste momento, afirma, a CMSV tem à volta de 600 trabalhadores na área do saneamento, mas que são fundamentalmente pessoas afectas à pessoa de Augusto Neves. “São os generais de campanha, mas pagos com dinheiro público. E mais: o presidente da CMSV colocou dois zeladores municipais em cada um dos bairros da cidade e ainda nos campos de futebol. Ele está a montar um ‘exército’ com recursos municipais e isto é inaceitável”, denuncia Alcides Graça.
Numa altura em que o Parlamento se prepara para aprovar o diploma da Regionalização, Graça tem dúvidas se isso será possível na presente sessão da Assembleia Nacional. Para ele, a forma como o MpD agendou o debate mostra que não está interessado na aprovação dessa lei. No entanto, a acontecer, admite que isso iria mexer com os planos dos partidos, que teriam agora de levar em consideração as eleições municipais e para o Governo regional.