O aumento da criminalidade em São Vicente no ano passado foi de 33,9 %, número superior à média nacional que se situou em 33%, de acordo com informações avançadas ontem pelo director nacional da Polícia Nacional, Emanuel Estaline Moreno, na abertura do seminário sobre “operações especiais de prevenção criminal” e da 16ª reunião dos comandos da Polícia Nacional, a decorrer na cidade da Praia. Este afirmou, no entanto, que houve menos sete homicídios no mesmo período.
De acordo com Emanuel Estaline Moreno, os dados de ocorrências registados pela Polícia Nacional em 2021 apontam para um aumento na ordem dos 33% em comparação ao ano anterior, interrompendo assim o ciclo de cinco anos (2016 a 2021), em que consecutivamente se registou uma diminuição acentuada das ocorrências criminais e cuja redução acumulada real foi de 23,7 por cento.
A diminuição de ocorrências, prosseguiu, foi constatada em cinco ilhas designadamente Fogo (-8%), Sal com (-16%) Boa Vista (-5%), Maio (-19%) e São Nicolau (-26%). Em sentido contrário, Santiago notificou aumentos de 54,7%, São Vicente com 33,9%, Santo Antão com 18,3% e Brava com 18,4%.
Relativamente à tipologia, os dados da PN apontam que 56,8% do total das ocorrências se referem aos crimes contra património, que no ano de 2021 conheceram um agravamento de 52,9% a nível nacional. Os roubos aumentaram 61,7% e os furtos 46,4%. Os crimes contra pessoas representaram 43,1% das ocorrências com um agravamento de 13,7% provocado pelo aumento da Violência com Base no Género (VBG), em 26%, representando mais 478 casos do que os registados em 2020.
Abuso sexual de menores cresceu 23%
Houve igualmente aumento dos crimes de abuso sexual de menores em 23%, com mais 21 ocorrências do que em 2020, e crimes de ofensas corporais em 4% e ameaças na ordem de 31%. Entretanto, apesar do aumento da criminalidade, os dados apontam para a redução no número de homicídios, com menos sete casos do que em 2020. “Houve uma redução na ordem de 19,4% em comparação com 2020, em que tivemos 36 homicídios. Na Praia, em particular, tivemos menos dois homicídios em comparação com o ano de 2020, em que tivemos 19 homicídios”, precisou.
Nesta altura, houve uma diminuição das apreensões de armas. Foram menos 81 armas artesanais em 2021, menos 69 armas convencionais e menos 5.660 munições. Aumentou, no entanto, a apreensão de armas brancas, sendo que no total foram apreendidas 2.842. Já o número de ocorrências registadas é comparável ao volume registado em 2018 e justificou o aumento da criminalidade com a retoma da vida social e económica. “Nos anos de 2019 e 2020 os dados espelham a situação vivida em períodos marcados por fortes restrições à mobilidade das pessoas, e inclusive por períodos de confinamento obrigatório. Portanto, era expectável que em 2021, com a retoma gradual da vida social e económica os crimes conhecessem aumento. É o que vem acontecendo em várias latitudes do mundo”, concluiu.
C/Inforpress
