Os 416 velejadores da ARC+ receberam ontem um banho da cultura cabo-verdiana na cerimónia de boas-vindas à cidade do Mindelo dessa regata transatlântica, que faz escala pela sétima vez na Baía do Porto Grande. O Carnaval foi o prato-forte da emenda oferecida a esses navegantes dos mares, que foram recebidos no cais flutuante da Marina Mindelo com o ritmo quente da batucada, a dança sensual das rainhas da bateria, a elegância do pequeno passista Lucas e uma dupla de mandingas.
Na segunda parte do espectáculo, os tripulantes dos 94 veleiros foram agraciados com música ao vivo e a performance de dois pares de dança tradicional. Entusiasmados com a recepção, os visitantes dançaram, pularam, fizeram fotos e vídeos e ainda pediram “só mais uma música” ao grupo liderado pelo vocalista Gai.
Esse momento foi preparado pela Marina do Mindelo, em parceria com o Secretário de Estado para a Economia Marítima e a Enapor, empresa de administração portuária. “Mindelo pode não ser o Rio de Janeiro, mas tem um Carnaval bastante forte. Esta é apenas uma amostra da força da cultura cabo-verdiana”, frisou o empresário alemão Lutz Meyer , gerente da Marina do Mindelo, na sua mensagem de boas-vindas aos membros da regata.
Da sua parte, Jorge Maurício desejou aos visitantes uma óptima estadia naquela que é considerada uma das mais belas baías do mundo, terra do Monte-Cara e da cantora Cesária Évora. “Aproveitem a morabeza do Mindelo o melhor possível que esta excitante cidade de traço colonial tem para oferecer”, estimulou o PCA da Enapor, que agradeceu aos organizadores a escolha de S. Vicente como escala na rota da regata das ilhas Canárias para as Caraíbas.
Na mesma senda, o Secretário de Estado Paulo Veiga salientou que esse acto visa em primeiro lugar agradecer a Marina do Mindelo por acolher os tantos iates que integram a regata. “Estamos aqui para dar suporte a esta actividade e salientar que estamos a desenvolver políticas em Cabo Verde para possibilitar a construção de marinas noutros pontos do país. Estamos a desenvolver com Lutz Meyer outros projectos para que possam também conhecer outras ilhas do arquipélago”, realçou Veiga, que enalteceu ainda o impacto que um evento como a ARC+ tem na economia de Cabo Verde, em particular na ilha de S. Vicente.
Antes de terminar a sua intervenção, Paulo Veiga fez questão de enaltecer que Cabo Verde aguarda com expectativa a nomeação da Morna como património mundial no dia 12 de Dezembro, assim como a escala da regata Ocean Race em S. Vicente, em 2021, informação ovacionada pelos presentes.
Nas sete vezes que a ARC+ fez escala em S. Vicente teve sempre na organização a portuguesa Suzana Tetlow. Como explicou ao Mindelinsite, todo o planeamento e o programa da estadia dos veleiros em Cabo Verde esteve sobre os seus ombros. A preocupação base é criar as condições para os participantes conhecerem a realidade social e cultural da ilha de S. Vicente e passarem ainda um dia em Santo Antão. “Procuramos sempre trabalhar com as entidades locais para podermos ajudar na economia dos sítios por onde passamos”, frisa Tetlow.
Segundo esta fonte, dos 416 velejadores, apenas um já conhecia Mindelo, pelo que está curiosa para saber a opinião geral sobre a escala em Cabo Verde. Esta informação só lhe será fornecida, no entanto, quando chegarem às Caraíbas. Vindos das Canárias, os 94 iates vão zarpar da baía do Porto Grande na quinta feira, a partir das 13 horas, em duas vagas. A primeira largada terá como destino as ilhas Granadinas e a segunda a ilha de Santa Lúcia.
