Aprovada validade jurídica da documentação pela causa do Negro Manuel, o primeiro santo cabo-verdiano

O Dicastério da Causa dos Santos aprovou a validade jurídica de toda a documentação apresentada pela causa do cabo-verdiano Manuel da Costa, conhecido por Negro Manuel ou Escravo Manuel.Este passo, que acontece quase um ano após a entrega do material na Cúria Romana, significa que tudo o que foi feito na fase diocesana foi aprovado pela Santa Sé, anuncia o arcebispo de Mercedes – Luján.

“Mais uma vez agradecemos a generosa tarefa da nossa cúria arquidiocesana, bem como os participantes do processo, especialmente ao Padre William Durán e a Geraldine Mackintosh”, escreveu o arcebispado na sua página oficial. “Todos sabemos que a figura do Negro Manuel é muito significativa no evento mariano de Luján. O facto de ele nos ter dito: “Sou da Virgem, apenas” é um testemunho fundador de algo que nós estamos vivendo e colhendo com tantos frutos em uma religiosidade simples, simples e tão profunda”, assegurou, indicando que estão a rezar pelos próximos passos, queincluem este sinal tão lindo para a nossa Igreja que peregrina em Mercedes-Luján e toda a Argentina. 

Em uma reação rápida, a Diocese do Mindelo explicou que este é mais um passo no processo de beatificação e canonização do Negro Manuel – Cabo-verdiano. “O Dicastério para as Causas dos Santos aprovou a validade jurídica de toda a documentação apresentada sobre a vida daquele que cuidou da imagem da  Virgem de Luján”, constatou. 

Foi em dezembro de 2024 que, segundo o Vatican News, o compêndio documental dava conta do testemunho de fé do servo Manuel Costa de los Ríos, conhecido como o “Negro Manuel” ou “Escravo Manuel”, servo da Virgem de Luján, padroeira da Argentina foi entregue ao Dicasterio. “A questão do Negro Manuel, já no final da decada de 1980 do século passado, despertou a atenção dos jornais Terra Nova e Arte e Letra. Na altura trouxeram muita informação sobre este caso, mesmo com cópia da Certidão de Nascimento, da vida e das peripécias deste emigrante”, referia na altura o historiador António Ferreira.

No início do ano 2000, relatava, o então Papa João Paulo II, pediu às igrejas que enviassem as listas das figuras para canonizar ou serem santas. “De Buenes Aires na Argentina, o então arcebispo Mário Jorge Bergoglio mandou uma missão propositadamente a Cabo Verde para investigar um cabo-verdiano, radicado na Argentina por muitos anos. Se não me falha a memória, ouviram Armando Monteiro, filho de Félix Monteiro, que conhece a história. E trouxeram o processo”, detalhava.   

A mesma fonte indicava ainda que o processo do Negro Manuel foi concluído na sua fase diocesana e iria iniciar a fase romana. Manuel da Costa, refira-se, pertenceu à Diocese de Santiago, confirmava assim o historiador António Ferreira esta inédita história partilhada entre a Argentina e Cabo Verde.

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