Está assinado o acordo entre os accionistas que cria a Cabo Verde Inter-Ilhas, empresa que irá assegurar o transporte marítimo de carga e passageiros entre as ilhas e a implementação do Sistema de Serviço Público de Transporte Marítimo Inter-Ilhas. São donas desta empresa a Transinsular com 51% do capital social, enquanto vencedora do concurso público realizado pelo Estado de Cabo Verde, e os restantes 49 por cento distribuídas entre doze companhias armadoras nacionais.
Ultrapassada esta que era considerada uma fase crucial deste processo, as partes deverão reunir-se dentro de duas semanas para realizar o capital social desta empresa, que ascende a 50 mil contos, e discutir o futuro da CV Inter-ilhas, confirma Luís Viúla, accionista da empresa Polar. “O capital social desta empresa é subscrito pela Transinsular, que entra com 25.500 contos. Os restantes sócios – os armadores nacionais – vão investir 24.500 contos”, explica Viúla, numa referência à distribuição das acções.
Entre os armadores cabo-verdianos, a Polar surge com a maior fatia, com 9,68% das acções. Verdemar, Zé Spencer, José Augusto Lima & David, UTM, Jo Santo, Adriano Lima, BiniLine e Oceanomade respondem, entretanto, por 4,84 % cada.Djalô & Macedo e Luzimar com 2,72%, entram no lugar da Cabo Verde Fast Ferry que deveria subscrever 5,44%. Também saiu do acordo a Sociedade Amadora Aliseu. “Somados, os armadores nacionais representam 49% das acções da CV Inter-ilhas”, assegura esse empresário.
Segundo Viúla, estas empresas comprometem-se a garantir ligações marítimas de forma coordenada, o que, por si só, já é uma grande mais-valia para o país. Este admite, no entanto, que os meandros deste processo são ainda desconhecidos dos armadores. “Ainda não estamos por dentro dos detalhes operacionais porque não tivemos acesso ao plano de investimentos e nem ao contrato entre a concessionária e o Governo. Por isso, pelo menos nesta fase, não conseguimos precisar, por exemplo, o número de navios que esta empresa terá à sua disposição para operacionalizar as ligações entre as ilhas.”
Na base de confiança
Por outras palavras, a armação nacional está a entrar neste processo, pelo menos nesta fase, apenas na base de confiança, mas também dos dois acordos assinados com o Governo. De acordo com Luís Viúla, o primeiro foi assinado a 18 de fevereiro. No entanto, depois de receberem o acordo para-social da concessionária, no caso da Transinsular, os armadores tiveram de fazer uma adenda ao mesmo, que foi assinado na sexta-feira. “Acreditamos que, se realmente for cumprido o caderno de encargos, que prevê a vinda de mais navios, poderemos perfeitamente resolver, de uma vez por todas, a questão das ligações marítimas em Cabo Verde. Estamos confiantes”, assegura este nosso entrevistado.
O ministério da Economia Marítima diz na sua página no Facebook que a assinatura deste acordo entre os accionistas, que aconteceu na sexta-feira passada, marca uma viragem positiva na conectividade marítima entre as ilhas e o aumento da mobilidade interna, aproximando as ilhas e impulsionando a economia local e nacional.
Constânça de Pina