O presidente da Câmara Municipal de São Vicente acusou o líder da comissão politica regional do PAICV, Adilson da Graça, de fugir para não enfrentar as dificuldades vivenciadas durante a governação anterior e de desconhecer as grandes obras de drenagem feitas na ilha. A. Neves reagia à conferência de imprensa proferida pelo líder local do partido tambarina, que denunciou o caos provocado pelas chuvas e acusou o autarca de ser um entrave ao desenvolvimento da ilha.
Augusto Neves começou por agradecer os trabalhadores da CMSV pelo trabalho incansável durante as chuvas, inclusive aos fins-de-semana, para que hoje a cidade e a ilha estejam limpas e em condições de retomar a normalidade. Agradeceu igualmente as empresas privadas e pessoas individuais que se juntaram à Câmara para apoiar e ajudar os mais necessidades e criticou os que não conseguem ver o trabalho feito por maldade ou má-fé, ou apenas com o objectivo de denegrir a imagem da edilidade.
Criticou igualmente “oportunistas e desanimados” que querem tirar proveito político, difamar as instituições e fazer politiquices ao invés de ajudar. “Continuaremos a trabalhar com afinco porque sabemos que são pessoas ou grupos que só sabem criticar. As lamas, os entulhos e o entupimento de esgotos é comum nestas alturas onde há inundações”, refere, anunciando o recebimento do primeiro reforço financeiro do Governo para acelerar a limpeza de toda a cidade e para melhorar as habitações mais degradadas e o apoio às famílias mais necessitadas.
A. Neves lembrou que o Governo do PAICV – 2000/2015 – abandonou São Vicente. Nesta altura, disse, o presidente da CPR “fugiu” para não enfrentar as dificuldades e foi para o “bem bom” da capital, onde a vida era cómodaporque todos os investimentos do Estado eram feitos na Praia. “Hoje, com o novo Governo, o investimento é nacional. Temos tantas obras em curso em São Vicente, mesmo com a crise dos últimos anos. Talvez por isso o presidente do CPR voltou e acha-se no direito de dizer que tudo está mal, somos incompententes, etc.”, constata, indo mais além ao acusar Adilson da Graça de desconhecer as grandes obras de drenagem feitas em São Vicente pela CMSV porque não vivia na ilha.
Citou, a titulo de exemplo, as bacias hidrográficas de Vila Nova/Lombo Tanque, Ribeira Bote, Bela Vista e de toda a Avenida 12 de Setembro, até a Rua do Coco, Praça Estrela, Caisinho e Praia d’ Bote. Ainda: rua 05 de Julho, Av.Marginal, Pássaro, Lajinha, e os diques de Pedra Rolada, Chã de Alecrim, entre outros. Drenagens que, do seu ponto de vista, têm funcionado muito bem.
A estes juntou ainda o calcetamento e muros feitos diariamente em toda a cidade. “Um coordenador de um partido deve ser uma pessoa séria e íntegra. E não falar mentiras e nem blasfemar”, frisou, acusando-o de repetir o mesmo discurso do seu antecessor. “Se este deixou o PAICV moribundo, Adilson da Graça o vai fazer desaparecer, o que não seria bom para a democracia e o pluripartidarismo em Cabo Verde”, adverte.
Augusto Neves negou ainda categoricamente que SV não tenha o seu Plano Director Municipal e os Planos Urbanísticos Detalhados (PDUs), como afirmou o líder local do PAICV, lembrando que não é a primeira vez que apresenta os documentos. Acusou-o ainda de lançar boates para tirar proveito politico ao anunciar que a CMSV está a lotear as bacias hidrográficas dos campos de Vila Nova a Ribeira Bote. “É no mínimo absurdo, perverso e tendencioso fazer uma afirmação desta, e com o objectivo de, mais uma vez, o PAICV tentar enganar a população”, acusou presidente da CMSV.
Impasse em SV
Relativamente ao impasse na CMSV, A. Neves disse estar tranquilo porque, afirmou, da sua parte trabalha e a Câmara funciona com normalidade. “O que a lei nos exige e nos compete como presidente da CMSV, temos feito e a tempo. Temos o Relatório de Actividades que apresentamos em Fevereiro/Março, de acordo com a lei; temos a Conta de Gerência de 2021 elaborada e o Plano de Actividades e Orçamento para 2023. Realizamos todas as reuniões quinzenais de janeiro a setembro. E temos todas as agendas de trabalho. Agora, se os vereadores da oposição não as aprovam, a responsabilidade é deles”, declarou, realçando que esta é uma situação que já está a nível do Ministério da Coesão Social e do MP, para análise das deliberações ou outra decisão, consoante a lei.
Confrontado com a afirmação feita pelo presidente do CPR do PAICV de que a “teimosia do edil” está a bloquear o desenvolvimento de SV e que o responsabiliza pela situação de ingovernabilidade na Câmara, Neves limitou-se a dizer que não depende do presidente, reafirmando que tem feito aquilo que lhe compete. “A CMSV está a funcionar com normalidade. Tem o orçamento de 2022 aprovado. Os relatórios, a Conta de Gerência e Plano de Actividades de 2023 estão prontos. Se não aprovem é da sua inteira responsabilidade. Estamos tranquilos”, reforça.
Quando questionado sobre a decisão do Ministério da Coesão Social – que informou que vai solicitar ao Ministério Público a nulidade das deliberações da CMSV – Neves optou por sair pela tangente. “Falei em normalidade do funcionamento administrativo. A questão da nulidade das deliberações é outra coisa. Foram as deliberações tomadas no início do ano que estão sendo averiguadas pelo ministério, que fez a sua inspeção. Nós seguimos com a nossa visão. Mas quem faz este trabalho é o MP. Estamos à espera disso”, explicou, recusando, no entanto, explicar porquê decidiu ignorar a recomendação do Ministério da Coesão, que deu um prazo de dez dias à CMSV para anular as referidas deliberações.
Desvalorizando este empasse, Augusto Neves afirmou que esta situação não afecta ou prejudica o desenvolvimento da ilha por ser “basicamente política”.