A. Monteiro estranha anúncio de candidatura de Edson Ribeiro à liderança da UCID: “Sequer é militante do partido!”

O presidente da UCID estranhou esta manhã o anúncio da candidatura do professor universitário Edson Ribeiro à liderança do partido no Congresso do próximo mês de março, feito na semana passada a partir da cidade da Praia. António Monteiro afirmou com todas as letras que Ribeiro não é sequer militante dos democratas-cristãos, pelo que estatutariamente está impossibilitado de chegar a esse cargo.

“Não sei como é possível uma pessoa que não é militante da UCID possa apregoar-se aos quatro ventos que é candidata a Presidente deste partido. Nós não estamos numa república de bananas”, reagiu António Monteiro. Segundo este político, o próprio estatuto impede Ribeiro de ser candidato a um cargo da direção, pois ele teria de possuir o cartão de militante pelo tempo mínimo de um ano e ser um elemento activo, o que não é o caso.

Monteiro fez estas considerações a partir da cidade do Mindelo, durante uma conferência de imprensa convocada exactamente para falar do seu futuro político e do 18º Congresso da UCID, agendado para acontecer de 25 a 27 de março na cidade do Mindelo. Para começar, enfatizou que não é candidato à sua sucessão, isto é, a um quarto mandato à frente da UCID. Descartada esta hipótese, António Monteiro assegura que vai continuar a exercer a função de deputado e provavelmente integrar o Conselho Nacional da UCID, enquanto conselheiro. Além disso, pretende regressar à sua actividade profissional na Electra.

“É importante dizer que não serei candidato porque considero que já dei o meu máximo ao partido. Sinto-me até um pouco cansado dessa lide. É altura de afastar-me, mas continuarei a servir o meu país e o meu partido noutras responsabilidades”, disse Monteiro, que descartou também a possibilidade de fazer parte da Comissão Política dos democratas-cristãos.

Questionado se a sua decisão tem algo a ver com o apoio da UCID ao candidato Carlos Veiga, que perdeu o embate político, Monteiro assegurou que não há nenhuma relação directa entre as duas situações. Fez questão de frisar que a decisão do apoio ao candidato Carlos Veiga partiu da Comissão Política, e não da sua pessoa em particular, e enfatizou que o partido assumiu esse compromisso porque acreditou nesse projecto. Porém, diz, o povo teve uma leitura diferente, “e na democracia o povo é quem mais ordena”.

Monteiro garante que há algum tempo que tem tentado afastar-se da liderança da UCID, por considerar ser negativo para o partido a sua permanência no cargo por tanto tempo. Inclusivamente, confidenciou, tentou convencer João Santos Luís a assumir uma candidatura no congresso anterior, mas sem sucesso. Admitiu, entretanto, que voltou a pressionar Santos Luís a aceitar o desafio no congresso do próximo mês de março. Até o momento, adianta, o vice-presidente da UCID e seu ex-colega de bancada no Parlamento ainda não disse nem “sim” nem “não”.

Tudo indica que Santos Luís merecerá o apoio incondicional de António Monteiro, mas o ainda presidente da UCID evita declarar isso em termos oficiais. Como diz, aguarda a entrada das propostas dos candidatos para depois saber quem vai apoiar.

António Monteiro considera que deixa um partido forte, que passou de 400 votos para mais de 19.000 durante os três mandatos da sua direção. Para ele, o seu substituto terá de ser alguém com grande empatia com o público – tal como ele se esforçou por ser -, que conheça muito bem a realidade política nacional e que não seja tão flexível quanto ele foi. “Sou muito flexível, resolvo as coisas com compasso de tempo muito longo o que é um handicap para mim”, assume.

Um outro detalhe que Monteiro considera importante é que a sede do partido continue em S. Vicente. A seu ver a UCID teria muito a perder se a direção fosse transferida para outra ilha. “Seria muito penoso, iria prejudicar o partido a nível social em S. Vicente. Temos que estar cientes que, apesar dos quase 20.000 votos, conseguimos eleger 4 deputados, todos em S. Vicente. E manter este score vai ser obra. Ora, uma possível transferência da sede do partido para outra ilha poderá ter implicações negativas e espero que os militantes entendam isso. Temos é de trabalhar para aumentarmos o score nas próximas eleições, conseguindo eleger nossos candidatos em Santo Antão, Sal, Santiago Norte e Sul”, enfatiza Monteiro, para quem seria um retrocesso vir esvaziar a penetração da UCID em S. Vicente numa tentativa de se relançar o partido noutros concelhos do país. Aquilo que deve suceder, defende, é um juntar de sinergias com as outras ilhas, para que possam ajudar no posicionamento nacional do partido.

Estes aspectos, juntamente com a revisão dos Estatutos, serão temas de debate no congresso da UCID, que acontece de 25 a 27 de março na escola de música Jotamonte, na cidade do Mindelo, com a participação de 200 congressistas, sendo a sua maioria da ilha de S. Vicente.

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