A entrada em funcionamento do campus universitário da Uni-CV na cidade da Praia, um estabelecimento com capacidade para acolher cinco mil estudantes do nível superior, não deverá afectar o volume de alunos que normalmente procura o ensino público na cidade do Mindelo, desde que este polo mantenha a devida qualidade. Esta é pelo menos a previsão da professora Elisa Silva – coordenadora do programa comemorativo dos 40 Anos do Ensino Superior a ser celebrado em S. Vicente -, para quem Cabo Verde vai sair a ganhar com essa obra financiada e construída pela China, por possibilitar aos alunos a continuação dos estudos no país, em vez de saírem para o exterior. Como lembra, essa infraestrutura será dotada de lares e cantinas para acolher a comunidade estudantil.
“Somos optimistas por natureza e acreditamos que o ensino superior vai melhorar. A infraestrutura tem lares que podem acolher os estudantes que queiram ir fazer a formação na cidade da Praia”, realça Elisa Silva, que vê os dois polos da Uni-CV (Praia e Mindelo) a funcionarem numa lógica de complementaridade.
Dando uma achega ao ponto de vista de Elisa Silva, a professora Suzel Cruz realça que o polo da Uni-CV no Mindelo tem a vantagem de receber um número significativo de alunos provenientes das ilhas de Santo Antão e S. Nicolau. Para ela, será mais viável em termos financeiros esses estudantes continuarem a sua formação em S. Vicente do que num local mais distante, até porque podem ainda contar com a ajuda de algum familiar residente na cidade do Mindelo.
Esta análise foi suscitada esta manhã durante uma conferência de imprensa, cujo tema central foi o programa de celebração em S. Vicente dos 40 anos do ensino superior público em Cabo Verde. Conforme a coordenadora local Elisa Silva, essa efeméride, que começou a ser assinalada em Julho com o lançamento de dois livros da autoria da escritora Adriana Carvalho, irá decorrer até 13 de Dezembro com a realização de actividades de carácter científico, académico, cultural, desportivo e recreativo. Assim, no dia 25 de Outubro haverá uma conferência inaugural da Faculdade de Educação Física e Desporto, no auditório do edifício do ex-Cortiço, com a provável presença da ministra da Educação e do edil da Câmara de S. Vicente. No mesmo dia, no período da tarde, será apresentado nesse mesmo auditório o livro de Arnaldo Brito intitulado “A governança da UniCV – modelos e prática”, um acto que será preenchido com uma homenagem a empresas, professores e funcionários que desempenharam um papel importante no desenvolvimento do ensino público. Os agraciados vão, no entanto, receber os competentes diplomas numa gala agendada para 13 de Dezembro.
Para 14 de Novembro estão agendadas as jornadas científicas do ensino superior público em Cabo Verde, que irão ocupar quase todo o dia. Este evento deverá envolver toda a classe docente e alunos, um momento que a organização vê como adequado para o repensar do ensino superior no arquipélago.
A comissão organizadora dos 40 Anos do Ensino Superior quer aproveitar a data para lançar um documentário alusivo a esse período, mas com foco na história da docência em S. Vicente. O trabalho, a ser coordenado pelo professor João Almeida, será exibido na referida gala. O programa inclui ainda um concurso literário e provas desportivas nas modalidades de ténis, xadrez, basquetebol, futebol e natação, de Outubro a Dezembro.
Para Elisa Silva, o ensino superior tem trilhado um percurso positivo, apesar das críticas sobre a qualidade lançadas aqui e acolá. Como relembra, essa caminhada começou em 1979 com a Escola de Formação de Professores, de onde saíram docentes para lecionar no nível secundário. Decorridos esses anos, enfatiza, Cabo Verde ganhou mais escolas e alunos e ainda docentes qualificados, além de novos métodos de ensino.
KzB
