“Veja a habilidade e não a deficiência” é o lema de um grande festival desportivo que terá lugar este sábado, 4 de dezembro, no parque da Enapor em São Vicente, organizado pela Sport Mídia, no quadro do projecto da 1ª Travessia Aéra do Atlântico Sul. Estão previstos lançamentos de dardos e pesos, corridas e vólei.
As actividades desportivas arrancam a partir das 14 horas na praia da Lajinha com lançamento de dardos e pesos, segue-se uma corrida de três mil metros, com partida do parque da Enapor, passando pela Avenida Marginal, rua de Lisboa, rua Baltazar Lopes da Silva, Enacol Fonte de Meio, Escola Técnica e término na Enapor. “Contamos com um grande apoio de seis guias militares, tendo em conta que os atletas são invisuais. Teremos ainda vólei e corrida de 100 metros no parque da Enapor. Será uma grande festa”, disse Cardoso da Silva, que se diz orgulho de fazer parte deste projecto que celebra os 100 anos da travessia aérea do Atlântico por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
Foi neste sentido que, afirma, a Sport Mídia organizou este festival, que vai reunir cerca de duas dezenas de atletas de São Vicente com deficiência, três de Santo Antão – um de cada concelho – e possivelmente três de São Nicolau. “Vai ser uma festa bonita, uma prova inequívoca da inclusão social. Iremos entregar cerca de 42 medalhas de ouro, prata e bronze”, detalhou este parceiro do projecto, no lançamento das actividades desportivas que terão continuidade no dia 11 de dezembro com um grande convívio de basquetebol três por três sub-10, 14 e 15, na Praça Nhô Roque.
De acordo com Cardoso da Silva, o objectivo é dinamizar esta modalidade desportivas entre os jovens, através da Escola de Minibasket Crossover e ajudar a relançar, efectivamente, esta actividade em S. Vicente. O programa prossegue no dia 18 com a Gala Sport Mídia, que vai premiar os melhores, aqueles que realmente tem dado o seu melhor pelo desporto. “Todas estas actividades fazem parte do projecto Cabo Verde Caminhos da História Travessia 100, juntamente com a Associação Lusitânia 100, e irão decorrer de 4 de dezembro de 2021 a 15 de agosto de 2022”, pontua.
Juntar conhecimento e história
Em representação da Universidade Técnica do Atlântico, igualmente parceira deste projecto, Raffaella Gozzelini também frisou o orgulho da instituição em integrar esta iniciativa cultural e educativa que junta conhecimento e história, mas também cabo-verdianos da diáspora e residentes. Neste sentido, garantiu que todos os projectos de divulgação que a UTA realizará para promover a travessia serão em concertação com a Universidade de Cabo Verde. “Já foram escolhidos os pontos focais em ambas as universidades, Técnica do Atlântico e de Cabo Verde. Iremos realizar actividades pedagógicas, seminários e workshops para realçar tudo aquilo que é este projecto, o que simboliza e significa. A UTA está prestes a implementar o Instituto de Engenharia Aeronáutica da Indústria Turística na ilha do Sal e, portanto, simbolicamente é uma grande honra fazer parte deste projecto”, reforçou.
De acordo com a reitora, a UTA irá ainda fazer parte dos programas de rádio que começam no dia 10 de dezembro com a emissão do primeiro programa “Caminhos da História – Roteiro Académico”, que será feito a partir do Instituto Politécnico de Tomar. E, em janeiro de 2022, aproveitando a festa do Município de São Vicente, irá promover este projecto a partir do Mindelo, com o programa Cabo Verde Caminhos da História, com foco nos 100 anos da travessia. “A participação do Governo é essencial porque este é um projecto que tem tudo a ver com a cidadania, com remessa de conhecimentos e com aquilo que são as histórias e culturas do mundo fora para juntar Cabo Verde. Neste sentido, haverá cerimónias organizadas pela UTA e pela UniCV, presididas pelo Ministro das Comunidades, debaixo do chapéu da educação, mas também com os ministérios da Cultura, dos Transportes e Turismo e da Defesa. Vamos promover ao máximo este projecto.”
Enquanto ponto focal em São Vicente, Carlos Monteiro explicou uma vez mais as razões da comemoração dos 100 anos desta travessia aérea, evocando os laços históricos entre Cabo Verde e Portugal e detalhou os passos deste projecto que surge da conjugação de ideias e esforços do jornalista e investigar Ildo Rocha e do engenheiro João Moura, que faz parte da Lusitânia 100 de Portugal. Monteiro lembrou que esta associação tem a responsabilidade de divulgar esta travessia realizada em 1922 entre Lisboa e Rio de Janeiro, passando por Canárias e Cabo Verde.
Quanto ao projecto Lusitânia 100, informou, tem na sua composição uma vertente cultural, que consiste na divulgação internacional desta viagem, dos seus intervenientes e das técnicas usadas, com especial incidência nas actividades pedagógicas para a juventude. Tinha ainda, inicialmente, uma vertente técnica operacional que previa a construção de uma réplica do Hidro-avião Fairey III, mas que teve de ser adiada devido a dificuldades no projecto agravadas pela pandemia da Covid-19. Para o arquipélago, segundo Monteiro, este projecto, baptizado com o nome Cabo Verde Caminhos da História e tem três vertentes: Educação, Cultura e Cidadania.