Os vigilantes de São Vicente decidiram levantar o pré-aviso de greve previsto para os dias 3 a 5 de Janeiro e agendar um outro para o dia 15, caso até lá o Governo não cumprir a promessa de publicar PIR-Preço Indicativo de Referência, instrumento essencial para a regulação do mercado e, consequentemente, para o aumento salarial dos trabalhadores desta classe profissional. Esta decisão, de iniciativa dos próprios vigilantes e não dos sindicatos que os representa, vêm na sequencia de mais um promessa do vice-Primeiro-ministro, Olavo Correia, que garantiu a publicação do PIR no prazo de duas semanas.
Segundo o delegado sindical dos vigilantes de São Vicente, a greve foi cancelada e reagendada, a nível nacional, para o dia 15, para dar tempo ao Governo para publicar o PIR, que irá resolver o problema da demora na atribuição do aumento salarial da classe. “As empresas têm-se escudado no Acordo Colectivo de Trabalho (ACP), assinado em Janeiro de 2018, que deveria entrar em vigor imediatamente. Mas os vigilantes estamos cansados. Estamos há mais de um ano a negociar sem resultado. Já esperamos demais. Estamos a ser prejudicados em termos salariais, comprados com os vigilantes de Santiago, Sal e Boa Vista”, diz Eddy Ganeto.
Para este representante sindical a situação precária dos vigilantes de S. Vicente resulta do facto de nunca terem tido qualquer promoção. Exactamente por isso, um trabalhador com 10, 15 ou 25 anos de serviço acaba por receber o mesmo salário de um que está a começar agora. “A culta é do Governo porque há muito que estamos a aguardar a publicação do PIR, que vai regular o mercado. As empresas não actualizam os salários porque dizem que o mercado não está regulado, por isso não têm como cumprir o ACP. Os vigilantes já não aguentam mais. Estamos desgastados e com poder de compra reduzido. Por isso vamos para greve.”
Eddy Ganeto, que falava à imprensa em representação dos vigilantes de S. Vicente, criticou as empresas de segurança privada, que acusou de aumentar diariamente as exigências mas nunca se preocuparem com os salários desta classe. “Trabalhamos sob ameaça das empresas e dos clientes. Estamos enfrentar muitos constrangimentos nos locais de trabalho porque não temos segurança devido a falta de equipamentos, designadamente de bastões. Muitos vigilantes já foram agredidos nos seus postos de trabalho por causa disso. O caso mais recente aconteceu na Rotunda. Um vigilante foi atacado e tiraram-lhe a sua farda.”
Todas estas situações que contribuem para aumentar o descontentamento dos vigilantes de São Vicente, num total de 700 distribuídos por seis empresas. Mais revoltados ficaram com a desculpa do vice-PM, que justificou a demora na publicação do PIR com problemas dentro da comissão criada para o efeito, sendo que este devia ter sido dado a estampa no Boletim Oficial de 26 de Novembro. O facto é que, se até o dia 15 de Janeiro a situação não estiver resolvida, os vigilantes vão entrar em greve, com perspectiva de repetição até a oficialização do PIR.
Constânça de Pina