Vereadores do PAICV pedem à CMSV intervenções urgentes para impedir derrocada de duas moradias na ribeira de Chã de Alecrim

Os vereadores do PAICV na CMSV sugeriram hoje ao edil Augusto Neves a tomada de medidas urgentes para impedir o eminente desabamento de duas moradias que ficaram suspensas numa ribeira em Chã de Alecrim devido as fortes enxurradas provocadas pela chuva torrencial. Segundo António “Patcha” Duarte, manifestaram ao presidente da Câmara, durante uma sessão extraordinária, a necessidade de intervenções emergenciais em zonas de risco – nos locais com forte possibilidade de deslizamento de terra e derrocada de casas – como é o caso da situação registada nessa ribeira, que recebe a água vinda da montanha de Canalona.

“Sugerimos e insistimos com o Presidente que são precisas intervenções concretas nestas duas edificações, tendo em vista que estão previstas mais chuvas nos próximos dias. Há previsão de mais chuva e com maior intensidade que a da madrugada de segunda-feira”, alertou o porta-voz do PAICV na Câmara de S. Vicente, sublinhando que esses e outros casos devem merecer um tratamento prioritário. Na sua opinião, aliás, essas residências deveriam ter sido sinalizadas de imediato e até evacuadas. “Uma coisa é uma casa desabar, outra bem pior é se isso acontecer com pessoas dentro. Neste caso estaríamos a falar de uma tragédia.”

Questionado enquanto urbanista se a construção de prédios nessa ribeira terá tido algum efeito no desvio ou intensidade da enxurrada, a ponto de colocar em perigo as duas residências, o arquitecto António Duarte evitou dar uma resposta directa à pergunta. “Vamos a seu tempo falar sobre as questões urbanísticas de S. Vicente como o ordenamento do território, a ausência do Plano Director Municipal, sobre a ocupação predatória das encostas, a drenagem, tratamento das águas residuais, a rede pública de drenagem das águas domésticas e industriais…; neste momento o que importa é solidarizarmo-nos com a população e demonstrar ao presidente da CMSV toda a nossa disponibilidade em ajudar a ultrapassar esta fase crítica”, declarou Duarte.

O vereador reiterou que, apesar da delicadeza e urgência do caso, a sua inquietude não suscitou uma resposta concreta do autarca Augusto Neves que lhe desse a satisfação de saber que a autarquia pretende agir para garantir a segurança imediata das casas.

Na reunião de vereadores, prossegue a citada fonte, propuseram ainda que a Câmara de S. Vicente, através do Gabinete de Crise, lance um apelo de ajuda internacional humanitária, financeira e acima de tudo visando a disponibilidade de técnicos especializados em lidar com situações de calamidades e desastres naturais. Na perpectiva de António Duarte, a situação de S. Vicente exige o reforço de máquinas e de equipamentos tantas são as solicitações.

“Já foi transmitida que a capacidade pública e privada das empresas de construção civil em termos de máquinas para desobstrução das vias é manifestamente insuficiente para vencermos de imediato o desafio da limpeza. Isto sem falar na reabilitação das estruturas na cidade e nas zonas piscatórias de S. Vicente”, retrata o vereador, para quem será preciso apelar inclusivamente à colaboração das outras ilhas. Entretanto, mostrou-se de novo insatisfeito com a resposta do edil Augusto Neves sobre mais este assunto.

Outra preocupação suscitada na sessão extraordinária da Câmara, segundo Duarte, tem a ver com o perigo do ressurgimento de doenças devido aos focos de contaminação. Duarte adiantou na conferência de imprensa que perguntou ao presidente da CMSV se existe uma coordenação efectiva com o Ministério da Saúde, em parceria com a Delegacia de Saúde de S. Vicente, mas ficou, mais uma vez, sem o devido esclarecimento.

Para António Duarte, é preciso ainda dar a atenção imediata às empresas que foram afectadas pelas enxurradas. Recorda que várias lojas foram invadidas pela lama e perderam praticamente todos os seus produtos. Deste modo, entende que são precisas medidas para permitir a retoma económica urgente de S. Vicente. Adicionalmente, acha fundamental que as ajudas enviadas por via aérea e marítima sejam isentas de taxas alfandegárias.

António Duarte classifica a situação de S. Vicente de catastrófica, com as redes de água, comunicação, energia e de circulação rodoviária comprometidas. O quadro é tão ruim que, na sua perspectiva, a ilha precisa ser reconstruída literalmente do zero. O vereador lembrou que a Electra está neste momento sem capacidade de produção e distribuição de água, quando a maior parte da população usa a água da rede pública para suprir as suas necessidades. O pior, diz, é que não há previsão da retoma, significando isto que os próximos dias vão continuar a ser muito difíceis. Isto, diz, quando há previsão de mais chuva.

“As previsões são previsões, mas, em função da experiência vivida, o mínimo a fazer é nos acautelar. Estando ainda na ressaca das chuvas, o mais indicado a ser feito é a retirada imediata de todas as pessoas que estejam ainda em residências que estão na eminência de desabamento para serem realocadas“, aconselha Duarte. O vereador relembra que algumas pessoas foram colocadas no Centro de Estágio, mas diz que há recintos escolares que podem acolher mais pessoas. O objectivo, enfatiza, é evitar males maiores caso a caída de mais chuva se concretize.

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