Um grupo de funcionários foi hoje impedido de aceder aos seus postos de trabalho na Frescomar porque recusam raspar a barba pelo menos de três em três dias. Alegam que a medida é absurda e desnecessária.
A decisão de impedir a entrada de trabalhadores com barba na empresa, dizem, foi tomada há alguns dias e entrou em vigor desde ontem, segunda-feira. De acordo com um dos trabalhadores, que se apresentou a este online como porta-voz do grupo, está na Frescomar há seis anos e, quando assinou o contrato, não se colocou esta questão, pelo que recusa cumprir a ordem.
“Não entendo porque só agora, mais de duas décadas depois de começar a operar, querem que todos os trabalhadores raspem a cara. Considero esta medida absurda. Trabalho no armazém e não vejo onde está a necessidade”, diz o funcionário desta empresa de processamento de pescado.
Este confirma que a medida abarca todos os trabalhadores. Questionado se esta decisão não resulta do facto de trabalharem com a manipulação de alimentos, a nossa fonte desvaloriza, alegando que fez uma pesquisa a nível da indústria alimentícia e não encontrou nada neste sentido. Por isso o grupo já acionou um advogado para o orientar neste processo.
“Foi o nosso advogado que nos aconselhou a denunciar esta medida da direcção da Frescomar na comunicação social porque entende que estão a agir de má-fé. Mas não descartamos outras acções para obrigar a empresa a recuar na sua decisão. Somos um grupo de jovens com barba aparada e bem cuidada. Por isso, não aceitamos esta imposição”, pontua a mesma fonte, que, por trabalhar no período de tarde, acredita que também será impedido de entrar nesta unidade industrial, sita no Lazareto.
Esta nossa fonte admite que, das 100 pessoas que trabalham nos armazéns, algumas já acataram esta imposição da empresa por medo de perderem o posto de trabalho. Mas garante que há ainda resistência. O mais caricato, diz, é que alguns colegas que sequer têm barba também estão a ser obrigadas a raspar a cara. “É por isso que digo que estão a agir de má-fé.”
O Mindelinsite tentou ouvir a direcção da Frescomar, mas foi informado que esta estava reunida com os trabalhadores, pelo que promete voltar ao assunto caso a empresa se disponibilizar a apresentar as razões que a levaram a adoptar esta medida.
Constânça de Pina