Suspeito do assassinato de Zenira Gomes declarado culpado nos Estados Unidos por fraude de passaporte

Um suspeito de duplo assassinato em C. Verde foi declarado culpado por fraude de passaporte norte-americano no dia 2 de outubro, após três dias de julgamento nos Estados Unidos da América. Johnny Brandão, 41 anos, está indiciado pelas autoridades cabo-verdianas pelo homicídio a tiro de duas pessoas, sendo uma delas a jovem salense Zenira Gomes, morta no dia 26 de julho de 2021 com uma arma de fogo calibre 9 milímetros. O corpo viria a ser encontrado perto da Circular da Praia três dias depois.

A outra vítima é o cambista Branco, que foi morto no dia 27 de março de 2014 com um disparo na cabeça com uma arma calibre 45mm. O suposto criminoso terá roubado 1.500 contos que o comerciante transportava. O cadáver foi encontrado à beira de uma estrada ao lado de um depósito de lixo, muito próximo do local onde foi descartado o cadáver de Zenira Gomes.

Nascido nos Estados Unidos, Johnny Brandão chegou a ser detido pelas autoridades cabo-verdianas por suspeita do duplo assassinato, juntamente com um taxista. Entretanto, no dia 12 de dezembro de 2022, após passar algum tempo em prisão preventiva, foi libertado sob supervisão, tendo aproveitado a oportunidade para fugir. Isto apesar de o Tribunal da Praia ter confiscado o seu Bilhete de Identidade, bem como os seus passaportes dos Estados Unidos e de C. Verde.

Após um julgamento de três dias nos Estados Unidos, Brandão foi condenado por fraude de documento, crime que prevê pena de até 10 anos de prisão e multa de até 250 mil dólares. A leitura da sentença ficou marcada para 9 de janeiro de 2025.

Acrescenta o Procurador Interino Joshua S. Levy que o arguido foi acusado de dois homicídios em Cabo Verde, mas, em vez de enfrentar a Justiça, optou por mentir às autoridades dos EUA para substituir o seu passaporte confiscado e fugir para a América. “Estou grato pelo trabalho diligente do meu gabinete e dos nossos homólogos responsáveis ​​pela aplicação da lei. Sem o seu compromisso, um suspeito de homicídio estaria a caminhar pelas nossas ruas e a evitar ser processado pelos seus crimes.”

O assassinato de Zenira Gomes, quando estava de férias na Cidade da Praia, deixou a sociedade cabo-verdiana em choque. Dois homens foram detidos por suspeita da autoria do crime, mas acabaram por ser soltos pelo Tribunal da Praia no dia 12 de dezembro de 2022 devido a alegados erros processuais. Entretanto, a medida de prisão preventiva foi substituída por apresentação periódica obrigatória às autoridades e os documentos pessoais confiscados para evitar a fuga do país.

Brandão aproveitou a oportunidade para fugir para Senegal, obter uma segunda via do seu passaporte norte-americano e regressar aos Estados Unidos. Viria a ser detido no dia 9 de maio de 2023 por fraude de passaporte, julgado e condenado no dia 2 de outubro deste ano. A sentença será conhecida em janeiro de 2025.

Após sair de C. Verde, o fugitivo chegou a conceder uma entrevista ao diário digital Santiago Magazine em janeiro de 2023 e negado o seu envolvimento no crime. Conforme o jornal, Johnny Brandão, filho de pais cabo-verdianos, não só recusou a autoria do assassinato como acusou agentes da Polícia Judiciária de o tentarem subordar, “por via de terceiros”, em troca da sua inocência. Na sequência dessa notícia, Ivanilda Mascarenhas Varela, então directora da PJ, anunciou a abertura de um inquérito para apurar a veracidade da denúncia. O resultado nunca foi revelado.

A grande questão é saber se Brandão será extraditado para C. Verde para responder perante a Justiça pelas suspeitas de assassinato que recaem sobre a sua pessoa.

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