Foram sete horas de combate interrupto ao incêndio que deflagrou por volta das 11 horas de segunda-feira numa velha embarcação que estava a ser desmantelada nos estaleiros da Desindave – Desmantelamento Industrial e Naval, anexos à Onave. Foram mobilizados 17 bombeiros, três viaturas pesadas e usadas mais de 50 toneladas de água.
Ao Mindelinsite, o Comandante dos Bombeiros de São Vicente confirma que pode não ter sido um dos incêndios em que demoraram mais tempo para declarar a sua extinção, mas foi um dos mais difíceis. “Não sei dizer qual foi o incêndio em que os bombeiros demoraram mais tempo para declarar a sua extinção, mas é um facto que o de ontem foi um enorme desafio, com enormes dificuldades. Foi difícil porque o combate foi feito de fora da embarcação. Se fosse um cenário onde era possível entrar dentro do navio, em condições de segurança, provavelmente teria sido extinto mais rápido”, declarou.
No rescaldo deste incêndio, Amílcar Ganeto explica que foram accionados por volta das 11 horas e só deram o fogo por extinto às 18 horas. “Foram sete horas de combate interrupto. Iniciamos com cinco bombeiros, mas, dada a dimensão do incêndio, todos os elementos que estavam de folga foram chamados. Tivemos ainda reforço dos profissionais da ASA, que foram um grande parceiro. No total, tivemos 17 bombeiros no teatro de operações. Tivemos uma excelente colaboração do Capitão dos Portos de Barlavento, da Polícia Marítima e também um forte apoio do dono da empresa Desindave.”
Em termos de equipamentos, foram mobilizadas duas viaturas pesadas, uma dos bombeiros com capacidade para oito toneladas de água e uma outra da Câmara Municipal de São Vicente, de 12. 500 litros, e outros meios do quartel. “Foi um esforço conjunto. Mesmo assim não foi fácil porque o navio, que estava a ser desmantelado, tinha alguns produtos inflamáveis, designadamente combustíveis, fibras, esferovide, entre outros. A segurança dos bombeiros era importante, por isso optamos por fazer o combate de fora. As viaturas foram reabastecidas por diversas vezes.”
Amílcar Ganeto diz que ainda não calcularam a quantidade de água utilizada durante o processo mas, por alto, deixa entender que despejaram sobre a embarcação mais de 50 toneladas. Questionado se não tinha como utilizar a água do mar no processo, este afirma que a falta de equipamento adequado obrigou a que optassem por auto-tanques. “Optamos por usar os meios que tínhamos disponíveis para fazer este combate em uma área de jurisdição da Enapor, porque fica na orla marítima. Trata-se de um espaço improvisado, anexo aos estaleiros da Onave.”
Outros parceiros se acercaram dos Bombeiros Municipais durante este combate, como é o caso do responsável do restaurante Caravela, que proporcionou o almoço aos operacionais no terreno. “Temos de agradecer todos os parceiros que estiveram envolvidos no combate. Mas também o restaurante Caravela que, não sei em que condições, forneceu o almoço aos bombeiros. Era impossível suspender o processo, pelo que optamos por fazer a refeição no local e, imediatamente, retomar as operações.”
As causas deste incêndio ainda não foram apuradas, mas o Capitão dos Portos , Aguinaldo Lima, deixa entender que pode ter tido origem no corte de um tubo no navio. Durante o processo, as faiscas podem ter atingido algum combustível ou lixo e as chamas se alastraram rapidamente.