Profissionais da Saúde em S. Vicente mantêm suspensão até regularização dos salários em atraso

Uma semana após a suspensão dos trabalhos devido aos salários em atraso, os  cerca de 40 enfermeiros, técnicos e pessoal de depósito de medicamento decidiram manter a greve até que a situação seja regularizada. Perante o silêncio das autoridades, ontem procuraram a direcção do Hospital Baptista de Sousa mas, dizem, foram novamente informados que não há previsão de quando os meses de salários em atraso vão ser liquidados. E maio já vai longe. 

Em um exclusivo Mindelinsite, estes profissionais da Saúde, que se concentraram na porta do Hospital Baptista de Sousa, explicam que foi uma reunião infrutífera porque não conseguiram nenhuma resposta concreta sobre o pagamento dos atrasados. “Inicialmente, foi fixado um prazo para o pagamento dos salários em atraso, mas não cumpriram. Posteriormente, aumentaram a data de segunda-feira para quarta e voltaram a falhar. Decidimos suspender os trabalhos e, no mesmo dia, pagaram um mês de salário. Mesmo assim, decidimos manter a suspensão porque, temos colegas que têm ainda em atraso o mês de dezembro de 2020 por receber, abril e já ultrapassamos a primeira quinzena de maio”, conta um dos grevistas. 

É esta falta de previsão para a liquidação dos seus proventos por parte do HBS e, principalmente do Ministério da Saúde, que os levam a alongar esta paralisação. O descontentamento é ainda maior porque, dizem, os colegas da Praia anunciaram a intenção de partir para greve, imediatamente os salários em atraso foram regularizados, conforme anúncio feito por um sindicato. “Nós também queremos retomar o nosso trabalho, mas com o nosso salário em dia. A situação não pode se arrastar indefinidamente. Temos colegas que vão completar no final deste mês, novamente, três meses de salários por liquidar. Não entendemos esta diferenciação entre os profissionais da Praia e os de SV.”

Questionados sobre o impacto desta paralisação no normal funcionamento das estruturas de Saúde de São Vicente, designadamente no hospital, Centros de Saúde, de Terapia Ocupacional e de Recuperação de Toxicodependentes, estes dizem que, pelas informações recolhidas, os colegas de quadro estão a cobrir as escalas. “Foi-nos dito que alguns colegas decidiram retomar o serviço por medo de serem despedidos e também que enfermeiros de quadro, inclusive os chefes de serviço, estão a cumprir os seus horários normais e a fazer as velas por forma a colmatar as vagas nos serviços. Pensamos que estes deviam associar a esta nossa luta porque estamos a reivindicar os nossos direitos.”

Aliás, afirma, há neste momento um receio generalizado no seio do grupo, sobretudo depois do encontro com a direcção do hospital. Isto porque, afirmam, foi-lhes dito que, se mantiverem a suspensão, os dias vão ser deduzidos dos salários, que ainda sequer receberam. Dizem que sempre deram o seu máximo, inclusive trabalharam muitas horas para além do aceitável, para  agora serem tratados de forma tão desumana. “Conforme o nosso contrato, tínhamos de cumprir 140 horas mensal de serviço, que dá aproximadamente 35 horas semanais. Mas, em muitos casos, fazemos até 52 horas semanais, ou seja, mais de 200 horas de trabalhos mensais devido a falta de pessoal.”

Nestes casos, explicam, percebem que o hospital não tem condições para dar vazão à demanda e aceitam trabalhar sem questionar e, principalmente, sem auferir salários extras. Muito pelo contrário, dizem que são sempre prejudicados, como agora em que decidiram suspender o serviço para reivindicar o pagamento dos atrasados e são ameaçados com descontos nos salários ainda não pagos. 

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