Portugal: “Cretcheu” celebra 46 anos de existência sob o signo da “solidariedade social”, num contexto pandémico

A Cretcheu – Associação Cabo-verdiana de Almada celebra hoje, 16,  o 46º aniversário da sua criação com foco nos novos desafios, que passam por ações de solidariedade social a serem implementadas no quadro do Gabinete de Apoio à Comunidade Cabo-verdiana e o projeto da Humanização dos Doentes Evacuados de Cabo Verde em Portugal. 

Em comunicado enviado ao Mindelinsite, o presidente Sacundino João Flôr explica que esse Gabinete funciona desde 2013 tendo já conquistado o seu espaço no âmbito das respostas sociais. “No quadro de mediação, estabelecemos a ponte entre a comunidade e instituições e os resultados alcançados são bastante encorajadores” realçou aquele dirigente associativo.

Sacundino Flôr deu ainda a entender que, em termos concretos, o Gabinete tem várias valências a funcionar e que já superou a barreira dos quinhentos atendimentos mensais. “Daí a nossa singularidade no concelho de Almada, em particular, e no território português em geral”.

“Em parceria com a Embaixada de Cabo Verde em Portugal, a CRETCHEU e o Gabinete de Apoio à Inclusão Social dos Cabo-Verdianos (GAIS- CV) instalaram a Unidade de Acolhimento dos Doentes Evacuados na margem sul, com capacidade para 40 utentes” fez saber o responsável máximo da referida associação cabo-verdiana de Almada.

No contexto da atual pandemia, explica Flôr, dá para perceber o impacto desse projeto para a saúde pública, já que até Março de 2018 mais de cem doentes e acompanhantes estavam instalados nas pensões em condições precárias, sem qualquer dignidade.  “Hoje as condições são bem melhores; os doentes evacuados vivem em apartamentos com todo conforto e autonomia, potenciando uma melhor recuperação e integração. É com uma profunda satisfação que a CRETCHEU encara esta contribuição na rede de recuperação de saúde das pessoas e melhoria das suas condições de vida”, regozijou-se

 Neste ano de 2020, em que se celebra os 46 anos da fundação da CRETCHEU, por causa da crise sanitária que Portugal e o mundo enfrentam, não é possível celebrar essa data memorável recorrendo às tradições, hábitos e costumes de Cabo Verde. Assim o seu presidente realçou o facto de serem obrigados a enfrentar as consequências e as contingências decorrentes da Covid-19, na esperança, disse, que dias melhores voltarão a fazer parte das nossas vidas.

Para que isso aconteça, sublinhou que é crucial respeitar as orientações das autoridades de saúde e proteção civil nesse combate que é de todos. 

CRETCHEU Futebol Clube, hoje CRETCHEU – Associação Cabo-verdiana de Almada, foi fundada nos rescaldos do 25 de Abril de 1974 e antes da independência de Cabo Verde, graças a um grupo de entusiastas cabo-verdianos, grande parte deles operários da Lisnave. Embora o futebol tenha sido a alavanca principal, outras modalidades desportivas, nomeadamente andebol e futsal, tiveram um impacto importante na vida do clube. Estas modalidades viriam a gerar grandes jogadores e atletas de renome internacional como Oceano Cruz e Tony Paris, no futebol, Alberto Paris (Bituca), Judite Paris, no andebol, e Luís Monteiro, no basquetebol, referências que muito contribuíram para a afirmação desportiva da comunidade cabo-verdiana em Almada. 

De acordo com Sacundino Flôr, foi Graças à massificação da prática desportiva que Cabo Verde passou a ser mais conhecido e muito respeitado sem se esquecer, segundo ele, do contributo da parte cultural, nomeadamente a música, gastronomia e festas tradicionais das ilhas, com destaque para as romarias de Santo António, São João e São Pedro  que, ajudaram na integração e interação no país de acolhimento. 

“No quadro das nossas atividades realçamos com muito agrado as excelentes relações com as Juntas da Freguesia da Cova da Piedade e do Monte Caparica, Santa Casa de Misericórdia de Almada, e Câmara Municipal de Almada, instituições que muito têm acarinhado os projetos desportivos, culturais e sociais que a Associação tem desenvolvido ao longo desses 46 anos de existência”, salientou. 

História do CRETCHEU – 1974 ponto de partida 

A germinação do CRETCHEU teve início muito antes do 25 de Abril de 1974. As primeiras sementes foram lançadas por um pequeno grupo que se juntava para ir jogar uma partidinha de futebol, constituído por alguns filhos de imigrantes e ex-alunos da Escola Técnica do Mindelo, que trabalhavam nos estaleiros da Lisnave, em Almada. 

Com o ambiente criado pelo Portugal de Abril procurou-se constituir uma organização capaz de dar uma atenção especial aos nossos patrícios, proporcionando-lhes meios de diversão, promoção intelectual e desportiva, através do desenvolvimento de iniciativas de carácter cultural e recreativo, particularmente aos cabo-verdianos residentes em Almada e arredores.

O primeiro encontro, aconteceu em Maio de ’74, no Café Central, onde também se jogou Ténis de Mesa e Bilhar. Nesse dia agendou-se a primeira Assembleia-Geral para 16 de Julho de 1974, data da Fundação do CRETCHEU Futebol Clube. O seu primeiro Presidente foi Miguel Costa, da Lisnave, que depois se transferiu para a Cabnave, empresa de manutenção de navios em S. Vicente. 

João A. do Rosário

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