O processo judicial resultante da “Operação Epicentro” – ação policial musculada realizada em junho de 2024 na zona do Campim pela Polícia Judiciária com o apoio da PN e das Forças Armadas – entra amanhã, segunda-feira, na fase de julgamento. São 28 arguidos, 11 dos quais mulheres, que vão responder por um leque de crimes, entre os quais narcotráfico, associação criminosa e lavagem de capital. Além disso, há envolvidos acusados de motim e receptação.
O caso, que teve enorme repercussão mediática em S. Vicente, será analisado por um tribunal coletivo na sala do 1. Juízo-crime e tem dezenas de testemunhas arroladas tanto pela acusação como pela defesa dos suspeitos. “Diria que este processo tem um arguido especial, que é um advogado. Creio ser algo que acontece pela primeira vez em S. Vicente”, salienta o jurista Armindo Gomes, que vai defender alguns dos arguidos. Ele que conseguiu a libertação dos acusados Cedjô dos Santos e Malick Lopes do regime de prisão preventiva, considerados os principais arguidos do caso e que foram capturados pela PJ em junho de 2024 na ação desencadeada em Campim.
Neste caso, o Tribunal Constitucional acabou por dar razão a um recurso de amparo interposto pela defesa de Cedjô e Malick para contrariar uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça – que considerou improcedente um pedido de habeas corpus (libertação dos reclusos). Além disso pesou a favor dos arguidos o cometimento de uma falha no prazo da realização da Audiência Contraditória Preliminar que solicitaram e que deveria determinar se seriam ou não levados a julgamento. Ambos forma soltos, mas serão agora submetidos a julgamento.
A Operação Epicentro foi desencadeada no dia 8 de junho de 2024 com o intuito de investigar e eliminar uma rede criminosa suspeita da prática dos crimes de tráfico de estupefacientes, receptação e lavagem de capitais. A intervenção, que foi liderada por magistrados do Ministério Público, teve a sua primeira fase na zona do Campim, que foi cercada por um forte aparato policial e militar das 21 horas às 5 horas da madrugada. Na sequência, as autoridades realizaram buscas em várias residências, ações estas que depois se estenderam às zonas de Chã d´Tiliza e encosta de Jôn d’Ebra.
Várias pessoas foram detidas e apreendidas 4 casas, doses de estupefacientes, dinheiro, motociclos, automóveis, televisores, aparelhos domésticos, perfumes e bebidas. Em nota, a PJ afirmou ter interrompido um dos mais relevantes circuitos de introdução de droga em São Vicente.