Onda de roubos em Monte Sossego: população aflita e com medo

Uma recente onda de roubos a estabelecimentos e residências em Monte Sossego tem deixado a população local amedrontada e a obrigar os residentes a colocar grades nas portas e janelas, de modo a evitar engrossar o já expressivo número de lesados contabilizados num curto espaço de tempo. Casas de emigrantes são os alvos mais fáceis, mas, mesmo as casas habitadas e estabelecimentos como bares, lojas, o Clube Cantareira e a Igreja do Nazareno não ficaram de fora da mira dos meliantes, que parecem ser pessoas que conhecem muito bem a zona.

Em Novembro de 2018, o Bazar da Gi, de Gisela Jesus, foi assaltado, tendo os autores entrado pelo telhado e subtraído do espaço comercial uma TV Plasma de 32 polegadas, alguns objectos de prateleira e uma quantia em dinheiro que se encontrava no caixa. Mais tarde, conta Gisela, houve uma segunda tentativa, desta vez pela janela, mas sem sucesso, uma vez que tinha colocado cadeados na mesma. Na altura do roubo, a lesada chamou a Policia Judiciaria (PJ) mas, até a data de hoje, não obteve nenhuma informação sobre o caso.

Segunda esta mesma fonte, durante todo o fim-de-semana de Páscoa até a quinta-feira seguinte houve roubos quase todos os dias. “São muitos roubos, principalmente nas residências de emigrantes. São coisas que conseguimos com muito sacrifício. Eu, por exemplo, fico aqui no bar até de madrugada.”

Na madrugada desta quinta-feira, por volta das 3h, foi a vez da Igreja do Nazareno, situado a cerca de 40 metros do Bazar da Gi. Laura Lopes, esposa do pastor da igreja, conta que foi acordada por um barulho estranho, que a fez levantar para conferir o que se passava. No momento, a igreja, que fica no rés-do-chão da sua casa, já havia sofrido o roubo e a PJ já se encontrava no local, ao que tudo indica, acionada por algum vizinho que deu conta do ocorrido momentos antes. Da igreja foram subtraídas duas mesas de som, duas colunas e uma tv plasma, bens, segundo Laura, conseguidos através de doações e que deixam um “prejuízo enorme” à igreja. 

Conta Laura que, no ano passado, a própria residência foi alvo de  roubo e que, por conta disso, colocaram grades nas janelas. O mesmo procedimento foi adoptado agora para a  igreja, no sentido de evitar um próximo assalto, já que, ao que parece, os assaltantes não se contentam com um único roubo ao mesmo lugar.

Na mesma rua, uns poucos metros acima, Mónica Martins viu a sua casa invadida de madrugada, na noite de Páscoa, de onde os assaltantes levaram vários utensílios de cozinha, alimentos e uma quantia em dinheiro. Estas são apenas alguns dos casos a que o Mindelinsite teve aceso. Ambas as fontes relataram várias outras situações ocorridas num espaço de duas semanas. 

Moradores pedem regresso da BAC

De um modo geral, o sentimento é de medo e muita insegurança. “Está difícil pregar o olho por estes dias, pois, sente-se que a qualquer momento alguém pode entrar em casa”. L, que preferiu o anonimato, conta que ainda não foi vitima dessa onda de roubos mas que já está tomando as devidas medidas no sentido de evitar que isso aconteça também com ela, uma vez que muitos dos seus vizinhos já entraram para a lista das vítimas. “Estou a ver o medo e aflição nas pessoas. Eu estou com medo e não consigo dormir à noite. Inclusive contratei um segurança para ficar de plantão na minha casa durante a noite, enquanto estou a tratar de colocar grades nas portas e janelas. E muita gente está a fazer o mesmo, pois, praticamente dia sim, dia não, ouve-se que mais alguém sofreu um roubo em sua casa.

Não se sabe ao certo quem são os autores destes crimes, mas, indaga-se que seja um grupo local, que conhece bem a zona e as próprias residências. Ao que parece, o foco está em aparelhos eletrónicos, em especial televisores plasma. Sentindo-se vulneráveis e inseguros, os moradores pedem a volta da BAC (Brigada Anti-Crime da PN) e garantem: “Era tudo mais tranquilo e havia menos criminalidade. A BAC conseguia controlar melhor estes delinquentes.”

Segundo o coordenador da PJ em S. Vicente, Anduleto Ribeiro, a instituição recebeu até agora uma única denúncia de roubo em residência e outra ocorrido numa viatura. Entretanto, garante o mesmo, já foram identificados dois suspeitos, que deverão pertencer a um grupo maior.

Este online tentou entrar em contato com a Esquadra da Policia Nacional em S. Vicente, para saber mais detalhes sobre estes casos, mas não foi possível falar com nenhum dos responsáveis. 

Natalina Andrade (Estagiária)

 

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