OMCV-SV alerta: Mercado mindelense com falta de profissionais para superar demanda em restauração, corte/costura e cozinha

O mercado mindelense está a enfrentar sérias dificuldades em fornecer profissionais qualificados suficientes para corresponder às demandas nas áreas de restauração, corte e costura e cozinha. A constatação é da delegada da OMCV em S. Vicente, uma instituição que dinamiza um leque variado de capacitação profissional todos os anos, por isso muito procurada pelas empresas para fornecer dados sobre formandos disponíveis nos diversos sectores.

A OMCV-SV, ilustra Fátima Balbina, tem uma lista de 20 pedidos de empresas à procura de pessoal formado em mesa e bar e cozinha que não está a poder dar vazão. Isto porque todo o pessoal capacitado nos cursos anteriores encontrou emprego de imediato. Acrescenta, ainda, que tem havido igualmente grande procura por profissionais formados em corte e costura, na ilha de S. Vicente. “Verificamos uma procura intensa e permanente da parte das empresas que fabricam uniformes e fardamentos, mas também de pequenos ateliers. Telefonam a pedir perfis quase todos os dias”, especifica.

Perante este quadro, Fátima Balbina afirma que é preciso conceber formações de acordo com as necessidades do mercado, e não formar por apenas formar. Da parte da OMCV, diz, a instituição continua a dar atenção às áreas mais procuradas, tendo neste momento em curso mais uma formação em cozinha básica, que começou em maio e termina em outubro. Esta capacitação envolve 20 pessoas, incluindo 3 homens.

Questionada se esse grupo vai estar disponível para as empresas a partir de outubro, Balbina responde negativamente. Como explica, parte dos formandos já dispõe do seu negócio e está apenas a aprimorar os seus conhecimentos. Além disso, há pessoas que tencionam abrir o seu próprio serviço, pelo que, desse grupo, vai restar pouco pessoal para preencher os tantos pedidos. Lista que, diz, pode aumentar com a entrada em funcionamento do hotel Sheraton, na praia da Lajinha. Adianta, no entanto, que está programado o início de mais um curso na área da restauração agora em meados de julho.

Logo de seguida será a vez de uma formação em estética e beleza, outro segmento que atrai o interesse de muitas jovens. Como diz Fátima Balbina, assim que terminam esse curso, as formandas abrem logo os seus espaços com kits de iniciação adquiridos a baixo custo. Para o efeito, a OMCV estabelece parcerias com as empresas que vendem os produtos, que permite aplicar descontos ao pessoal indicado pela OMCV de até 40 por cento dos preços.

“Vamos também disponibilizar formação em atendimento. Decidimos mudar um pouco o formato porque temos notado uma ausência de simpatia, dinâmica e de humanização nos serviços de atendimento. Quem atende deve saber receber, mostrar simpatia, saber se o cliente está satisfeito, se precisa de algo em particular…, mas isso não tem estado a acontecer com a frequência desejada”, comenta Fátima Balbina. Ela que salienta os elevados custos associados a formações como cozinha (pastelaria e panificação), corte e costura e estética, devido ao preço dos materiais.

Um dado destacado pela responsável da OMCV no Mindelo é o interesse demonstrado pelos homens para as áreas de cozinha e restauração. O constatado, diz, é que querem aprender a arte da cozinha básica principalmente para poderem trabalhar nos barcos. Acontece, entretanto, que os restaurantes têm preferido contratar homens para esse tipo de serviço. “Isto acontece porque os homens têm mais disponibilidade de adaptação aos horários, para trabalhar à noite e, além disso, uma grande mestria e rapidez nos cortes”, enfatiza Fátima Balbina. Sobre a aceitação de homens nos cursos ministrados na OMCV, uma organização focada no empoderamento das mulheres, Balbina salienta que a instituição está a levar à prática os discursos sobre igualdade e equidade de género. Salienta que não faz sentido excluir os homens de um processo que visa, no fundo, reforçar os laços nas famílias.

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