OMCV e Igreja de Jesus Cristo entregam kits para 56 famílias reconstruir negócios em SV 

A delegação da OMCV em São Vicente e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias entregaram kits de equipamentos e matéria-prima para 56 famílias afetadas pela tempestade Erin para ajudar na retoma de atividades geradoras de rendimento, no âmbito do projecto “Reerguer e preparar”. Orçado em 2.550 mil escudos, este projeto tem como principal propósito restabelecer a autonomia econômica destas jovens famílias. 

A cerimónia de entrega dos equipamentos e matéria-prima aconteceu na tarde de ontem, nas instalações da OMCV e contou com a presença do presidente da Estaca do Mindelo, Elton Sequeira, que afirmou que esta parceria com esta organização insere-se na responsabilidade social da Igreja. “Desde a primeira hora, na sequência da tempestade, como parte da sua responsabilidade social, a igreja procurou, junto com as autoridades locais e algumas associações para, juntos, reerguer a ilha de São Vicente”, explicou.

Volvidos três meses, disse, muitas famílias perderam tudo, principalmente os utensílios que garantiam o seu rendimento por meio de atividades formais e informais, continuam na luta. “Não são apenas mulheres, há homens e jovens, que estão na labuta diária de buscar recursos para satisfazer as necessidades das suas casas. E foi neste sentido que surgiu este projecto para ajudar estas pessoas a serem auto-suficientes, ou seja, a terem ferramentas para poderem cuidar de si e satisfazer as suas famílias.”

Elton Sequeira garantiu que fica satisfeito com mais esta ajuda para juntar a outras que os beneficiários podem ter já recebidos, lembrando que os primeiros dias foram para suprir as pessoas com bens de primeira necessidades, no caso concreto alimentação e vestuário, donativos que não substituem os materiais e equipamento que estes tinha em casa para fazer o seu negócio, seja venda de pastel, sorvetes ou manicure e pedicure, e que foram levados pelas enxurradas. “No caso da alimentação, a ajuda é temporária. Mas, para a sua atividade económica, sabemos que é importante repor os materiais que tinham antes para que possam, paulatinamente, retomar a sua atividade e garantir rendimento.”

Neste sentido, o presidente da Estaca do Mindelo destacou a experiência da OMCV, não somente no sentido de dar cana, mas de ensinar a pescar, graças às muitas formações que a instituição tem vindo a ministrar. Por isso, de bom grado, por parte da igreja, decidiram aliar-se a este projecto. “Os valores que foram doados para a compra destes kits, são frutos daquilo que, num todo, são contribuições dos membros da nossa igreja para ajudar o próximo.”

A delegada da OMCV elogiou esta parceira com a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que remonta a 2016, e afirmou que, na noite de 13 de agosto e ainda sem saber a real dimensão dos estragos causados pelo Erin, escreveu quatro emails, um deles para a igreja, e os outros três para a Fundação para Ajudar as Meninas em África, Consulado de Cabo Verde em Abidjan e Programa de Pequenas Subvenções do Fundo para o Meio Ambiente Global. 

“Foi um pedido de socorro no sentido de nos ajudar a socorrer as famílias. Estas instituições responderam positivamente e, de imediato, começamos então a elaborar projectos para ajudar jovens, mulheres e também famílias no geral: retoma dos negócio, que viemos agora fazer a sua apresentação, reabilitação de casas e um outro de entrega de material escolar, batas e pensos reutilizáveis e de recheio das residências”, detalha Fátima Balbina. 

Katelene dos Santos com a sua máquina de costura

Segundo esta responsável, foi esta última que granjeou mais ajudas. Receberam contentores com camas, colchões, beliches e começaram a ajudar as pessoas. E ainda continuam a receber donativos, estando neste momento na Alfândega mais dois contentores. “O problema é que a OMCV, sendo uma organização sem fins lucrativos, tem pago avultadas quantias, tendo ultrapassamos os 550 contos só em pertences para poder levantar os donativos”, sublinhou, deixando claro que o dinheiro não é pago na Alfandega, Enapor ou nos despachantes.

Por conta disso, Fátima Balbina alega que tem sido um processo cansativo e difícil para a OMCV levantar os donativos. Felizmente, disse, um casal de missionários desta igreja, que trabalha a partir da ilha do Fogo, acarinhou e abraçou este projecto, no valor de 2.550 contos. “Inicialmente, o projeto deveria apoiar 51 famílias. Mas decidimos esticar um bocadinho e conseguimos contemplar 56 famílias, ao invés de apenas 51. Nesta primeira fase, temos aqui 29 jovens-mulheres empreendedoras da áreas de pastelaria, três de manicuras e uma de corte e costura a receber os seus kits de negócio.”

Cerimónia de entrega de kits para retoma dos negócios

A segunda fase inicia na segunda-feira e contempla vendedores ambulantes de hortaliças, roupas e sapatos, carpinteiros, barbeiros e artesãos, num total de 83 pessoas, financiadas pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. “Tem sido gratificante trabalhar com esta igreja, que opera a nível do arquipélago. Mas a OMCV tem a coragem de divulgar os projectos conjuntos e só temos a dizer que nos ajudam a ajudar. E esta é a nossa maior felicidade.” 

As beneficiárias expressaram satisfação pela oportunidade de empreender e assim ter recursos próprios. É o caso, por exemplo, de Katelene dos Santos, que recebeu uma máquina de costura, que classificou de uma “mão na roda”. “Estava desempregada porque tenho um bebé recém-nascido em casa. Com esta máquina consigo fazer qualquer coisa porque entendo de costura e vai me ajudar, junto com os meus filhos. Por isso, só tenho a agradecer.” Igualmente, a jovem Keila da Cruz, que recebeu um kit completo de manicure, agradeceu tanto a OMCV como a Igreja, que começou ser um começo para o seu negócio.

Compõem os kits para retoma dos negócios frigoríficos, fogões, equipamentos de manicure e pedicure, matérias-prima, designadamente farinha, ovos, açúcar, manteiga, óleo, arroz, carnes, entre outros. 

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