A morte de Odair Moniz por um polícia da PSP está a incendiar os ânimos dentro e fora de Portugal. Em C. Verde é notória a revolta expressa por internautas nas redes sociais, todos expurgando, por exemplo, a posição do deputado André Ventura, presidente do partido da extrema-direita Chega, que defendeu um louvor ao agente autor do assassinato. Entretanto, policial contrariou o comunicado da própria PSP e negou que tenha sido ameaçado com uma faca.
O nível da indignação é reforçado com uma outra informação divulgada pela imprensa lusa, que deu conta de um comentário do assessor parlamentar e dirigente da Juventude do Chega, Ricardo Lopes Reis, que se pronunciou sobre a morte de Odair Moniz nestes termos: “Menos um criminoso… Menos um eleitor do Bloco”, escreveu numa publicação, que, entretanto, foi apagada.
Horas antes da publicação a celebrar a morte de Odair Moniz, o líder do partido, André Ventura, tinha dito que o agente que baleou mortalmente o cabo-verdiano devia ser “louvado”. Na terça-feira, já havia afirmado que o mesmo polícia merecia ser “condecorado”.
Curiosamente, contrariando a informação inicial da PSP, divulgada através de um comunicado, os dois agentes envolvidos na morte do homem, de 43 anos, negam terem sido ameaçados com faca. Nas declarações que prestaram em interrogatório após a morte de Odair Moniz, os agentes confessaram que não foram ameaçados, de acordo com a CNN Portugal.
Durante a operação policial na Cova da Moura, um dos agentes admitiu ter feito três disparos, um para o ar e dois que atingiram Odair Moniz na zona da axila e no abdómen. O agente da PSP que disparou uma arma de serviço contra Odair Moniz, na Cova da Moura, foi constituído arguido. A pistola foi apreendida para investigação e o agente continua em funções.
No comunicado divulgado na segunda-feira, a PSP refere que “quando os polícias procediam à abordagem do suspeito, o mesmo terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca, tendo um dos polícias, esgotados outros meios e esforços, recorrido à arma de fogo e atingido o suspeito, em circunstâncias a apurar em sede de inquérito criminal e disciplinar”.
PR lamenta morte de Odair Moniz e apelou à calma
O Presidente da República expressou ‘profunda tristeza’ pela morte do cabo-verdiano Odair Moniz, vítima de um disparo por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) no bairro da Cova da Moura, em Amadora. José Maria Neves aproveitou para apelar à calma e ao cabal esclarecimento do caso.
Em nota, o Chefe do Estado manifestou solidariedade à família, amigos e a todos que conviveram com o jovem, transmitindo “as mais sentidas condolências”. Reconheceu o sentimento de revolta e indignação que permeia a comunidade cabo-verdiana, apelando, no entanto, à calma e serenidade. José Maria Neves lembrou que o Ministério da Administração Interna de Portugal já determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito “com caráter de urgência” para apurar os fatos.