Morreu o poeta e escritor cabo-verdiano Osvaldo Osório 

Morreu serenamente, aos 87 anos, o escritor escritor cabo-verdiano Osvaldo Osório, pseudónimo de Osvaldo Alcântara Medina Custódio, informou o primo-irmão Jorge Maria Custódio, num curto comunicado divulgado na sua página no facebook.  ‘Parte na luz, Vavá, a mesma luz que sempre te envolveu e fez de ti um espírito superior e um ser amado e admirado’, reforçou.

Esta notícia surpreendeu os cabo-verdianos na manhã desta quinta-feira, e rapidamente se espalhou, com muitos internautas a expressarem pesar. ‘Que triste notícia. Os meus sentimentos a D. Armandina (sua Diná) ao filho Giordano Custódio, aos demais outros irmãos e familiares. Um grande abraço de consolação. Adeus poeta’ escreveu Tchalé Figueira. ‘Que Deus conforte vossos corações. Muita força a todos. Eterno descanso querido Osvaldo’, reforçou Aurea Santos. 

Já Natacha Magalhães escreveu: sob bandeiras estrangeiras brigámos guerras que não eram nossas para agora amarmos ao ritmo de torno novo e múltiplas bocas ao nos verem dizem. Let them get by.’  De acordo com esta mulher-escritora ‘parte o homem, o gentleman, das pessoas mais delicadas que cruzaram o meu caminho. O escritor de pena fina. Culto. Sagaz.’

Osvaldo Osório nasceu na ilha de São Vicente, em 1937. Fez os estudos secundários e o seminário em Nazareno. Ao longo da sua vida, exerceu várias funções profissionais, como trabalhador de rádio, funcionário público, empregado de comércio, presidente da União dos Sindicatos, diretor do “Suplemento de Poesia dos Anos 80”, Voz di Povo. Foi ainda cofundador da página de cultura Seló, onde iniciou a sua atividade como poeta e prosador.

Devido às suas atividades políticas, ligadas às acções culturais durante o regime de Salazar, foi preso por duas vezes. “Escrevo para fugir à ditadura do tempo e tentar marcar a minha época cultural com a marca da minha diferença entre os meus iguais”, afirmava mais tarde Oswaldo Osório ao programa Grandes Africanos da RTP. 

Da sua produção literária, destacam-se os poemas Caboverdeanadamente Construção Meu Amor (1975), Cântico do habitante. Precedido de Duas Gestas (1977), a peça de teatro Gervásio (1977) e o romance Desde as Portas de Roterdão (por publicar). O poeta colaborou ainda em publicações como Seló, Alerta, Vértice, Notícias de Cabo Verde e Raízes. 

A sua obra encontra-se também em várias antologias de literatura africana. 

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