Crianças e adultos, trajados de mandingas coloridos, desfilaram na tarde deste Domingo pelas ruas da cidade do Mindelo, passando uma mensagem positiva e visou apelar a população da ilha de São Vicente para uma maior responsabilidade parental. Aproveitaram também chamar a atenção para outros males que isso acarreta, nomeadamente a presença de crianças nas ruas, muitas vezes em ambientes abusivos, de álcool e outros. A iniciativa foi do Centro Social de São Vicente e insere-se nas actividades das Aldeias Infantis SOS para assinalar os seus 35 anos em Cabo Verde.
Foi um desfile diferente, com as cores desta organização e ostentando frases de apelo a responsabilização parental. Saiu do Quintal das Artes e percorreu várias artérias do Mindelo. A psicólogo Patrícia Évora explicou que o propósito foi aproveitar a questão cultural, os mandingas, que é importante em São Vicente e está relacionada com o social. “Decidimos aliar a protecção infantil a nossa campanha de responsabilização parental porque percebemos que nas manifestações culturais acontecem várias coisas, de entre os quais a presença de muitas crianças desacompanhadas em ambientes onde têm álcool e violência”, frisou, realçando que, com esta iniciativa, conseguiu-se juntar as crianças às suas famílias.
É um facto que o desfile contou com a presença de jovens e adultos, inclusive de pessoas de terceira idade, acompanhados de filhos e netos. Foi uma actividade sem álcool e também sem violência, o que levou esta técnica do Centro Social a concluir que é possível equilibrar as duas coisas. “Acreditamos que a nossa sociedade pode mudar através da cultura. É esse equilíbrio que queremos”, pontuou, destacando ainda a associação da sua actividade ao Festival Social de Percussão, que conta com participação de músicos de Cabo Verde e Brasil, que já vai na sua 2ª edição e é promovida pela Associação Brasileira Tambores do Mundo.
A actividade contou ainda com a presença de outros parceiros, caso do Centro Cultural do Mindelo, Mandingas de Ribeira Bote e algumas empresas, caso por exemplo da Marina do Mindelo, este último, segundo Patrícia Évora, um parceiro estratégico, por estar ligado a área do turismo. “A Marina do Mindelo recebe muitos turistas. Quisemos mostrar-lhe as campanhas que temos em curso – Criança não é de rua e Responsabilidade Parental porque entendemos que estas são indissociáveis do turismo”, refere.
Infelizmente, esta actividade conseguiu mobilizar pouca gente, facto que esta psicóloga atribui a realização, no mesmo dia, de outras manifestações culturais em São Vicente, nomeadamente o Festival Sumol na Lajinha e a Roda do Samba do grupo carnavalesco Monte Sossego. “As vezes a participação ou não é uma actividade é uma questão de prioridade. Nós, estivemos aqui com uma causa social. Estamos a usar a cultura para uma questão social. Mas conseguimos influenciar uma das partes mais importantes, que são os mandingas. Muitas vezes é nos seus desfiles que vemos muito de irresponsabilidade parental”, acrescenta.
De referir que o desfile contou com mandingas de todas as cores, com destaque para as das Aldeias SOS, ou seja, azul, vermelho e branco, e ainda os tradicionais. A estes juntaram-se outras cores e deram asas a imaginação. Estiveram ainda presentes várias pessoas representando os grupos oficiais do Carnaval de São Vicente, o que permitiu transformar o desfile numa acção sociocultural a favor das campanhas do Centro Social de São Vicente.
Constânça de Pina